Alguns dizem, com indisfarçável alegria, que a Europa está morta. Sejamos sérios: nunca existiu na História da Humanidade um projecto tão redentor das qualidades humanas e da nossa vida em sociedade e ao mesmo tempo tão bem-sucedido como a União Europeia.
Em que outra parte do mundo podemos livremente votar para um parlamento multinacional em que os eleitos representam as várias ideologias políticas e não os países ou Estados de onde são originários?
Em que outro lado os Estados e os povos mais ricos contribuem para os mais pobres?
Em que outro espaço se respeitam as diferenças religiosas, culturais e étnicas dos que lá vivem, integrando da melhor forma possível os que querem entrar?
Em que outro lugar os diferendos entre nações se discutem à mesa das negociações e não a tiro de canhão?
Em que outro espaço geográfico deste planeta a guerra esteve quase ausente desde Segunda Guerra (a que teve lugar na ex-Jugoslávia ocorreu fora do espaço da UE)?
Em que outro espaço do mundo se pode circular de Estado para Estado sem que nos perguntem por documentos e autorizações?
E na sequência dessa circulação por lá se ficar a trabalhar ou a estudar sem particulares dificuldades?
Em que outra solução de união política mais ou menos confederal pode um dos Estados decidir livremente sair por vontade do seu povo e arrepender-se disso e reentrar de novo (como acredito que sucederá com a Grã-Bretanha)?
Em que espaço se pode ser patriota respeitando e integrando os valores das outras nações?
É verdade que a Europa tem muitos inimigos. O principal é o nacionalismo. Contra este só há uma forma de combate: ser patriota. Porque o patriotismo é o verdadeiro inimigo do nacionalismo. Sejamos pois patriotas e rejeitemos os inimigos da Europa.
A Europa não está morta. Em muitas das suas dimensões está por nascer.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.