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Paulo Macedo: “Comissões cobradas por alguns fundos de reestruturação são imorais”

O CEO da Caixa admite recorrer a várias vias para resolver o diferendo com algumas das gestoras dos fundos de reestruturação, sem nunca nomear a Explorer. Paulo Macedo admite o uso do voto em Conselho de Administração, “ou mesmo a via judicial, quando ela for possível”.
O diretor executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo (D) na apresentação dos resultados do 1.º semestre de 2023 da Caixa Geral de Depósitos, esta tarde na sede da mesma em Lisboa, 21 de julho de 2023. MIGUEL A. LOPES / LUSA
24 Julho 2023, 07h30

“Estamos bastante desconfortáveis com as comissões que alguns fundos de reestruturação cobram aos bancos designadamente pela não venda de ativos, e isso é público” disse Paulo Macedo na conferência de imprensa em que reportou lucros de 608 milhões de euros no primeiro semestre, o que traduz uma subida de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

O CEO da Caixa Geral de Depósitos deixou cair que admite recorrer a várias vias para resolver o diferendo com algumas das gestoras dos fundos de reestruturação, sem nunca nomear a Explorer. Paulo Macedo admite o uso do voto em Conselho de Administração, “ou mesmo a via judicial, quando ela for possível”.

“Claramente estamos descontentes. Achamos que é imoral”, rematou.

Paulo Macedo respondia à questão do chumbo das contas anuais do Discovery Portugal Real Estate Fund, o fundo de reestruturação gerido pela Explorer.

Tal como noticiado pelo Jornal Económico em edição anterior, a maioria dos bancos que detém unidades de participação no Discovery Portugal Real Estate Fund chumbou as contas anuais. A Caixa foi um dos bancos que chumbou as contas de 2022 do fundo que tem unidades hoteleiras e de turismo e que é gerido pela Explorer.

Em causa está um diferendo entre os bancos, nomeadamente o BCP e Caixa Geral de Depósitos, e a Explorer ao nível da comissão de performance que é cobrada pela sociedade gestora.

O montante em fundos de reestruturação da CGD totaliza 197 milhões de euros em Junho, segundo a apresentação de contas. Um valor que compara com 205 milhões no fim de 2022 e 440 milhões em 2021. “O objetivo é reduzir a exposição, mas as vendas têm de ser feita na altura própria”, disse o presidente da Caixa.

O CEO da CGD lembrou que os bancos continuam a ter orientações “sobre o tempo que os imóveis devem estar no balanço”. Orientações essas que são ditadas para todos os bancos pelo BCE. “Temos de fazer isso [reduzir exposição aos imóveis desses fundos] sem ser através de fire sale“.

Recorde-se que o fundo americano Davidson Kempner (DK) comprou conjunto de ativos turísticos aos bancos (incluindo a CGD), o que incluía 17 hotéis de luxo, naquele que foi o maior negócio imobiliário do ano passado realizado por cerca de 800 milhões de euros e que era gerido pela ECS Capital.

Uma operação fechada no ano passado e notificada recentemente à Autoridade da Concorrência (AdC) pela DK Partners.

Na mesma conferência de imprensa o presidente da CGD admitiu que o banco está nas negociações em curso com a Parpública e com o promitente comprador, o fundo Mutares, por causa da dívida da banca à Efacec. Mas diz que “não fala sobre as negociações em curso”.

Sobre a venda do Banco Comercial do Atlântico, o maior de Cabo Verde, disse O CEO da CGD que “existem alguns interessados” e que espera a autorização do Governo para continuar com o processo de venda.

O processo está na fase da entrega das propostas vinculativas.

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