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Paulo Macedo diz que só vendeu carteiras de imóveis a entidades europeias

“Este semestre vendemos um número significativo de imóveis, mas não de atacado, vendemos 583 imóveis por 70 milhões de euros. Temos neste semestre mais 263 imóveis com vendas adjudicadas de 34 milhões de euros”, detalhou o presidente da Caixa. O BCE não deixa os bancos deterem os imóveis em balanço mais de dois anos.
  • Cristina Bernardo
1 Agosto 2020, 10h54

“Nós não costumamos financiar a venda de carteiras”. O CEO da CGD, Paulo Macedo, respondia assim à questão que faz a associação de ideias com a notícia sobre o Novo Banco ter vendido um portfólio de imóveis (Viriato), em 2018, ao fundo Anchorage Capital Group, tendo este recorrido a crédito do próprio banco, segundo o jornal Público, que avançou também que esta sociedade teria um veículo nas ilhas Caimão.

Em relação ao financiamento ao comprador das carteiras, o CEO do banco público disse depois que, de todas as carteiras vendidas terá apenas cerca de 2% das operações com crédito. “Mas não costumamos financiar a compra de carteiras”.

O banco dá no entanto crédito aos clientes para a compra de imóveis da CGD, vendidos individualmente. “Todos os bancos financiam os seus próprios imóveis quando os vendem”, disse.

“A Caixa vende cerca do triplo através da sua rede comercial, promotores, através da internet, do que por atacado através de carteiras”, explicou o CEO.

Paulo Macedo explicou que, a cada entidade com que a CGD transacciona activos na venda estruturada de carteiras, faz uma identificação da estrutura acionista e beneficiários efectivos. Faz uma pesquisa de entidades sancionadas. A direção de compliance faz pesquisa de ligações dessas empresas. Depois procede-se a uma análise mais exaustiva do comprador, designadamente pesquisas na lista de branqueamento de capitais e pedidos de elementos bancários, para além de pareceres de risco de compliance.

“De qualquer maneira a CGD apenas vendeu carteiras a sociedade sediadas na União Europeia e a veículos sediados na Europa. “Não temos entidades em Caimão ou noutros sítios que não na Europa”, disse o presidente do banco.

Depois Carlos Albuquerque, administrador da CGD, com o pelouro do imobiliário, disse ao Jornal Económico, à margem da conferência de imprensa de apresentação de resultados, que há uma norma do supervisor que impede que os bancos fiquem mais de dois anos com imóveis em balanço, e que todos os anos os bancos têm de fazer um relato da lista de imóveis e dos prazos previstos para as vendas. O que cria uma enorme pressão nos bancos para vender esses ativos. A manutenção de imóveis no balanço para além dos dois anos permitidos pelo BCE só com autorização do regulador bancário.

A CGD reportou uma redução, em termos de imóveis para venda, de 7,8% no semestre (43 milhões de euros), somando agora 517 milhões de euros em termos brutos (sobre este valor há imparidades constituídas de 49% desse valor, portanto o valor líquido de 264 milhões).

“Nós não vendemos nenhumas carteiras no semestre e não estamos a pensar vender no próximo semestre nenhuma carteira de imóveis”, garantiu Paulo Macedo.”

“Este semestre vendemos um número significativo de imóveis, mas não de atacado, vendemos 583 imóveis por 70 milhões de euros. Temos neste semestre mais 263 imóveis com vendas adjudicadas de 34 milhões de euros”, detalhou o presidente da Caixa. Portanto 100 milhões de euros, mas não via carteiras.

“Nós não temos nenhuma pressa em vender os imóveis, excepto aqueles que potencialmente estão a perder o seu valor. Veja-se os imóveis relativos a centros comerciais”, disse o banqueiro.

Este imóveis são dações em cumprimento de crédito, ou colaterais de malparado.

O Banco registou imparidades de 156 milhões (crédito e garantias bancárias), nos seis meses, por causa das projecções macroeconómicas, apesar de não estar a piorar o rácio de NPE, e NPL (rácio de NPL 4,4% e líquido de imparidades 0,6% e NPE de 3,6%).

“A grande maioria destas imparidades é para fazer face às projeções macroeconómicas de deterioração da conjuntura, porque temos pouca entrada de novo malparado”, disse Paulo Macedo.

“Se excluirmos estas imparidades teríamos um valor negativo porque as recuperações que a CGD teve no semestre foram superiores às novas imparidades especificas para crédito e garantias, que foram de 113 milhões, que inclui as provisões genéricas e o saldo líquido das recuperações feitas até junho, e algumas específicas que foram constituídas”, disse José de Brito, CFO da CGD.

“Tivemos 147 milhões de euros de imparidades para crédito, provisões de 35 milhões para garantias bancárias. Estes duas componentes incorporam os 156 milhões de euros de imparidades reportadas. As novas imparidades especificas foram 24 milhões de euros. As recuperações foram de 69 milhões de euros.

“Estamos a recuperar créditos agora da crise de 2008 e 2010. Temos despachos do tribunal que são dados agora, relativos à hierarquização de créditos, de massa falida, etc. Felizmente que que os casos estão a chegar e a CGD está a recuperar parte das suas perdas”, anunciou o CEO.

Hoje os dados do PIB revelam uma queda de 16,5% no segundo trimestre. O Banco de Portugal prevê uma queda da economia portuguesa de 9% no conjunto do ano.

A recuperação e as curas justificam a descida do rácio de NPL. “Mas também pequenas vendas de créditos, não tendo havido write-offs no período, e tendo havido uma entrada de 100 milhões novos NPL, no semestre, em linha com o fluxo normal para a carteira da CGD”, disse José de Brito, administrador financeiro do banco.

A CGD reduziu o stock de malparado (NPL) de 2,7 mil milhões para 2,6 mil milhões, a única parte que não está coberta por imparidades ronda os 300 milhões.

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