O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu esta quarta-feira que o regime das moratórias fosse revisto, no sentido de prolongar o período de carência.
“Nós entendemos que no quarto trimestre seja estendida a moratória”, disse o CEO do banco do Estado, apontando para um prolongamento das moratórias entre seis e doze meses. “Penso que há disponibilidade do Governo para isso. “Na moratória da APB estamos disponíveis para estender em linha com a extensão da moratória pública”, adiantou.
Paulo Macedo deixou ainda outra sugestão no ar: a de as decisões não ficarem em suspenso para a última da hora em relação a esta matéria. “Não é avisado ter tudo adiado até dia 1 de outubro. A própria moratória deveria no futuro ser de seis meses após o seu pedido e não logo após o seu pedido. Se não a economia fica suspensa no dia 1 outubro e ficamos com datas mágicas”, vincou. “Não deve haver datas mágicas, deve haver planeamento”, reforçou Paulo Macedo.
Entre os clientes contactados pela CGD sobre a moratória, em dez mil clientes, apenas 400 mostraram interesse em aderir à moratória, revelou Paulo Macedo.
Até segunda-feira, dia 11 de maio, CGD aprovou de 37.846 pedidos de moratória de crédito que representam 4.737 milhões de euros, segundo a apresentação dos resultados do primeiro trimestre do ano, que decorreu esta quarta-feira. Entre janeiro e março de 2020, a instituição financeira por Paulo Macedo registou um lucro líquido consolidado de 86 milhões de euros, o que representa uma quebra homóloga de 32%. O banco registou provisões genéricas de 60 milhões de euros para antecipar efeitos da pandemia.
O CEO do banco público também abordou o layoff simplificado, que disse ser uma medida “importante” e que deve ser “mantida enquanto puder”. Mas terá de ser equilibrada porque não pode pôr em causa o rating da dívida pública.
Paulo Macedo foi desafiado a pronunciar-se sobre a transferência de 850 milhões de euros do Estado para o Novo Banco, via Fundo de Resolução. O CEO da CGD disse que não comenta casos de outros bancos, mas referiu que “deveria haver outra forma de financiamento do fundo de resolução” e vincou que “pôr em causa todo o esquema [de financiamento ao Fundo de Resolução] não me parece correcto”.
Todos os anos os bancos portugueses pagam uma contribuição ao Fundo de Resolução. “A questão não se alterou, as condições é que se vão alterando, designadamente as condições de exploração. Esses custos são significativos, estimamos 60 milhões de euros entre contribuições para o setor bancário, taxas de supervisão, e outros. São cerca de dois terços do nosso resultado”, frisou Paulo Macedo.
“Estes valores são mais pesados em situações de crise, em situações de condições de exploração mais difíceis”, concluiu.
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