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Paulo Rangel: “António Costa e Rui Rio são pessoas que estão há 40 anos no sistema”

Eurodeputado defendeu uma “transição geracional” no partido e no governo e voltou a assumir que esperar levar o PSD à maioria absoluta nas próximas legislativas. Se for primeiro-ministro promete baixar impostos às empresas e promover a subida do salário mínimo.
Paulo Rangel
15 Novembro 2021, 14h13

O candidato à liderança social-democrata Paulo Rangel defendeu que o PSD e Portugal necessitam de “uma transição geracional” capaz de acompanhar os desafios da transição digital e energética. “António Costa está há 40 anos na política, vinte dos quais enquanto ministro, e Rui Rio pertenceu à direção de Pinto Balsemão. São pessoas do sistema e que estão há 40 anos no sistema”, disse o eurodeputado nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Renascença.

Dirigindo-se especificamente ao rival nas eleições diretas para a presidência do PSD, marcadas para 27 de novembro, Rangel defendeu que é necessário “trazer sangue novo” para o partido e acrescentou que “não podemos ter a liderar políticas sectoriais que foram ministros, mesmo excelentes ministros, nos governos de Cavaco Silva”.

Rangel garantiu que não pretendia responder à convicção, várias vezes repetida por Rui Rio, de que não está preparado para ser primeiro-ministro. Ainda assim, disse que “para ser primeiro-ministro é preciso ter uma visão e um projeto para o país, experiência nacional e internacional e uma equipa renovada”.

Referindo-se a outra acusação do atual líder social-democrata, que lhe tem atribuído culpas pelo pior resultado de sempre do PSD em eleições de âmbito nacional, com 21,9% nas europeias de 2019, Rangel reencaminhou a responsabilidade para Rio, defendendo que a lista por si encabeçada “foi fustigada com a mudança de posição” do partido quanto às reivindicações dos professores, visto que aparecia até então empatada tecnicamente com o PS nas sondagens.

Paulo Rangel voltou a apresentar a ambição de levar o PSD à maioria absoluta nas legislativas de 30 de janeiro, referindo a “vocação maioritária” dos sociais-democratas, mas admitiu entendimentos com o CDS-PP e Iniciativa Liberal, e ainda com o PAN e “outros partidos moderados que podem eleger em Lisboa e Porto deputados que façam a diferença”. De fora dessa equação manteve o Chega, bem como a disponibilidade de viabilizar um executivo minoritário do PS, que voltou a ser admitida por Rui Rio nesta segunda-feira, em entrevista à Antena 1.

“O projeto que eu tenho só faz sentido com o PSD a liderar o Governo. Eu não ponho o cenário de o PSD perder as eleições. A expressão da vitória é que poderá ser maior ou menor”, acrescentou.

Melhoria dos salários por razões económicas

No que toca a medidas que tomaria enquanto primeiro-ministro, o atual eurodeputado social-democrata garantiu que “não teria medo de dizer que para combater a pobreza é preciso modernizar a economia”, preconizando uma baixa no IRC apesar de o nível da dívida pública impedir “um choque fiscal tão forte quanto seria desejável”.

Também defendeu acertos no Plano de Recuperação e Resiliência, com maior prioridade para a transição digital, e uma “mudança fundamental” nos fundos estruturais. A esse propósito, Rangel defendeu que o Executivo de António Costa “não está em condições de assinar o acordo de parceria” com a Comissão Europeia, devendo deixar para o próximo governo o acordo referente aos fundos estruturais entre 2021 e 2027.

Por último, no que diz ao salário mínimo, o candidato à liderança do PSD disse que é favorável a uma “subida sustentável” que não se prende só com motivos sociais como também económicos. “As nossas empresas não podem sobreviver com base em salários mais baixos quando concorrem com empresas de países da Ásia e de África”, disse, vendo um aumento das remunerações negociado em sede de concertação social como “um incentivo aos trabalhadores para aumentarem a produtividade” capaz de ter reflexos na também necessária subida do salário médio nacional.

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