Se no mundo do futebol o título honorifico de “Teatro dos sonhos” está nas mãos do estádio do Manchester United, no universo financeiro tal honra pertence inegavelmente a Wall Street, local do nascimento e desenvolvimento dos maiores sucessos da história empresarial na nossa civilização, contudo tal não impede que por vezes a peça em cartaz seja a das ilusões, ou não fosse o mercado financeiro um animal que vive maioritariamente ao sabor da emoção humana, ou como referiu Ralph Nelson Elliott, o criador das Elliott Waves, “sendo o mercado accionista uma criação do Homem, reflecte as suas características”.
Após o forte impulso ascendente no início do ano, que foi seguido por uma fase de estagnação em jeito de consolidação, nas últimas duas semanas os índices norte-americanos chocaram de frente com uma quase inevitabilidade, que foi protelada por cinco meses, refiro-me ao tópico da guerra comercial entre os EUA e a China, quiçá irresolúvel segundo as premissas existentes. Isto porque a única questão em cima da mesa é a do domínio económico nas próximas duas a três décadas, sendo que a linha vermelha para ambas as administrações é o tema da propriedade intelectual, só que se por um lado os EUA querem proteger as suas empresas, por outro a China dificilmente dará espaço para uma correcta fiscalização no seu território por entidades externas, bem como a responsabilização dos infractores será sempre subjectiva, na prática, mais do que roubo de propriedade intelectual está em jogo o não vacilar perante o opositor, tendo em conta o sinal que tal daria aos eleitores norte-americanos a um ano de eleições, e porque a mentalidade chinesa não se coaduna com grandes cedências mediáticas.
É basicamente por estes motivos que quase todas as restantes questões foram resolvidas nas negociações que levam mais de seis meses, mas que dificilmente haverá um acordo efectivo e duradouro, pelo que para não haver uma disrupção maior no mercado aparecem por vezes notícias, ou rumores, sobre um apaziguamento da tensão comercial, tal como ontem com a possibilidade de Trump adiar por seis meses as tarifas que pretendia impor às importações de carros da União Europeia. Igualmente foi conhecido que o conflito comercial, quase esquecido, entre os EUA e os seus vizinhos México e Canadá, poderá vir a ser resolvido.
O optimismo criado por este desviar de atenções foi suficiente para reverter a queda que se verificou no início da sessão, devido aos maus dados económicos que saíram da China e dos EUA, com efeito tanto a produção industrial, como as vendas a retalho nas duas maiores economias do mundo desiludiram os investidores, especialmente em relação aos EUA que registou contracções nesses indicadores no mês de Abril. Mas apesar disso Wall Street seguiu pelo diapasão dos Bulls e os ganhos foram generalizados nos índices, mais acentuados no Nasdaq devido à performance da Apple, enquanto que nos sectores apenas as utilities e os materiais realizaram perdas, ainda que ligeiras.
Destaques para o volume que foi cerca de 10% abaixo do normal, enquanto que no mercado cambial o realce vai para a queda no valor da Libra para os $1.2842, após um recuo de -0,5%. Tal como referi na terça-feira e como se verificou ontem os dados económicos que irão ser conhecidos poderão não condicionar o movimento dos mercados como de costume, caso saia qualquer notícia sobre o tema do momento, ou seja a guerra comercial.
O gráfico de hoje é do EDP, o time-frame é Semanal
Caso os títulos da EDP desçam de valor e quebrem em baixa a linha do meio do pitchfork (Azul), o sentimento para o médio prazo passará a bearish.
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