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Pedro Nuno Santos demite-se da liderança do PS. “Não quero ser um estorvo”

Pedro Nuno Santos vai fazer o discurso da derrota.
José Sena Goulão/Lusa
19 Maio 2025, 00h10
Em atualização

Pedro Nuno Santos demite-se da liderança do Partido Socialista (PS) depois da pesada derrota nas eleições deste domingo, em que elegeu o mesmo número de deputados que o Chega. “Assumo as minhas responsabilidades como sempre fiz no passado (…) Vou pedir a marcação de eleições internas, às quais não serei candidato”, revelou o secretário-geral socialista no discurso de derrota, no qual surgiu visivelmente emocionado, e acabou a citar Mário Soares: “Só perde quem desiste de lutar.” Assegurando também que “não desistirá de lutar”. “Até breve”, disse.

Antes, assumiu a derrota e agradeceu ao partido, que diz ter sentido unido. “Honrei a história do partido. foi o que tentei fazer. Tenho muito orgulho no partido que liderei. Quero agradecer os militantes, os dirigentes, aos autarcas, à JS, ao meu diretor nacional de campanha (…)”, afirmou, reconhecendo que “são tempos difíceis para o PS”.

“Não conseguimos ganhar, o povo falou com clareza, e nós respeitamos a decisão. Já liguei a Luís Montenegro, saiba honrar a confiança que os portugueses lhe deram. Não me cabe ser o suporte deste Governo, esse papel não deve caber ao PS”, declarou Pedro Nuno Santos, apontando as razões pelas quais o seu posicionamento é esse.

“Luís Montenegro não tem idoneidade necessária para o cargo de primeiro-ministro e as eleições não alteraram essa realidade. Lidera um governo que falhou (…) Apresentou um programa que vai contra os princípios e os valores do PS”, explicou.

Sobre o crescimento do Chega, o líder socialista constatou que se tornou “mais violenta, mais agressiva, mais mentirosa”. “A extrema-direita deve ser combatida com coragem e complacência”, defendeu.

Respondendo aos jornalistas sobre quando é que sai de cena do cargo de secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos atirou: “Deixo de ser secretário-geral quando poder, por mim era já.” Explicando depois que não quer ser “um estorvo” para a próxima liderança, por entender que o PS não deve dar suporte a um governo da AD. “O partido vai ter que tomar decisões muito importantes sobre a relação que terá de ter com o próximo Governo e a minha decisão é muito clara. E não quero ser um estorvo ao partido nas decisões que tiver de tomar”, sustentou.

Para o homem que liderou o partido durante menos de um ano e meio, o PS irá “recuperar a prazo” desta derrota, mas “tem de se afirmar como alternativa política – a alternativa à AD não pode ser o Chega”.

Pedro Nuno Santos considerou que a AD foi “premiada”, embora tenha sido a causadora da crise política, e o PS, que deu condições para o Governo governar, foi o partido “penalizado”. “Fizemos o nosso melhor (…) Não foi suficiente. Não sou a pessoa certa para estar a fazer agora o juízo”, afirmou.

A AD (PSD/CDS) venceu as eleições legislativas com 86 deputados, enquanto PS e Chega empatam no número de eleitos para o Parlamento, 58, quando estão apurados todos os votos nos círculos nacionais.

A AD somou 32,10% dos votos, enquanto os socialistas obtiveram 23,38% e o Chega 22,56%, registando-se uma diferença de 48.916 votos entre estes dois partidos.

 

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