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Pedro Nuno Santos: “Trabalhadores da Groundforce não podem continuar à espera que Alfredo Casimiro viabilize” uma solução

O ministro das Infraestruturas exigiu hoje que o empresário dê uma resposta formal “rapidamente” à proposta da TAP para um aumento de capital da Groundforce para que os salários de 2.400 trabalhadores sejam pagos.
Cristina Bernardo
16 Março 2021, 10h55

O ministro das Infraestruturas exige uma resposta formal do acionista maioritário da Groundforce à proposta da TAP para realizar um aumento de capital na empresa de gestão de bagagem, passageiros e carga.

“Perante as notícias vindas hoje a público, que dão conta que Alfredo Casimiro está disponível para ir ao aumento de capital na Groundforce, o Governo aguarda que o mesmo seja formalizado rapidamente”, segundo fonte oficial do ministério das Infraestruturas.

“É importante que o sócio maioritário da Groundforce responda oficialmente à proposta do Grupo TAP com aquelas que são as suas intenções neste processo, para que se possa o quanto antes resolver a situação dramática que se vive na empresa”, de acordo com a tutela.

“Os trabalhadores da Groundforce não podem continuar à espera que Alfredo Casimiro viabilize, de uma vez por todas, a resolução desta situação, uma vez que a perda de salário afeta cerca de duas mil famílias neste momento”, disse o ministério de Pedro Nuno Santos numa nota hoje enviada.

O empresário disse hoje ao Eco que está disposto a ir aumento de capital previsto para a TAP. “A minha resposta é simples: nos termos da lei, estou disposto a ir ao aumento de capital e corresponderei a minha parte“, disse Alfredo Casimiro.

“Dentro dos termos da lei, estou disponível para convocar uma assembleia geral para deliberar um aumento de capital necessário para a empresa, no qual estou disponível a acompanhar e até a comprar algumas ações da TAP“, de acordo com o empresário, que também é chairman da Groundforce, citado pelo Eco.

A TAP avançou no domingo com uma proposta de aumento de capital de 6,97 milhões de euros na Groundforce com o objetivo de “evitar” um “cenário de rutura iminente” na empresa de handling.

A Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português. Os salários de 2.400 trabalhadores da empresas relativos a fevereiro continuam por pagar.

TAP exige explicações à Groundforce sobre penhores de ações e estado do empréstimo de 30 milhões 

Na carta enviada pela TAP no domingo, a companhia aérea exige explicações à Groundforce sobre eventuais penhores sobre a empresa e sobre um empréstimo de três dezenas de milhões de euros. Estas são duas das condições para a TAP proceder a um aumento de capital na empresa de gestão de bagagens.

A Serviços Portugueses de Handling (SPdH)/Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, com o grupo TAP a deter 49,9%, com a companhia aérea a ser detida em 72% pelo Estado português. Os salários de 2.400 trabalhadores da empresas relativos a fevereiro continuam por pagar.

“A SPdH mantém todos os compromissos por si anteriormente assumidos na carta de 20 de janeiro de 2021, incluindo a obrigação de manter o Grupo TAP devidamente informado acerca das diligências efetuadas no sentido da obtenção do financiamento garantido que a SPdH solicitou, sob a forma de um empréstimo concedido pela Caixa Geral de Depósitos com a prestação de uma garantia por parte do Banco de Fomento a favor dessa instituição de crédito, no montante de 30 milhões de euros, em particular sobre a evolução do processo de aprovação e concessão desse financiamento garantido”, pode-se ler na carta enviada pelo grupo TAP à Pasogal no domingo.

Ao mesmo tempo, a companhia aérea também exige que a Pasogal preste, por escrito, esclarecimentos sobre quaisquer penhores sobre as ações detidas por Alfredo Casimiro. “A SPdH e a Pasogal prestam, por escrito, os esclarecimentos solicitados pelo grupo TAP na carta datada de 8 de março de 2021, relativamente à existência de eventuais penhores ou outros ónus que impendem sobre as ações detidas pela Pasogal no capital social da SPdH e/ou os equipamentos da SPdH”.

A tutela de Pedro Nuno Santos disse na semana passada que “não foi possível chegar a acordo porque Alfredo Casimiro disse que não tem as ações para dar como penhor”, segundo revelou fonte oficial do ministério ao JE. O empresário terá dado estas ações como garantia noutro empréstimo bancário impossibilitando o seu uso neste empréstimo, apurou o JE.

Segundo revelou a SIC Notícias, parte das ações da Pasogal foram entregues ao Novo Banco como garantia em 2016 quando vários credores reclamaram 44,2 milhões de euros ao grupo Urbanos, detido por Alfredo Casimiro, empresa de mudanças que se encontra em Processo Especial de Revitalização Já o Expresso avançou que uma parte das ações foi dada como penhor ao Montepio.

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