Portugal tem que se afirmar cada vez mais ao nível da sua política externa e fazer dela um instrumento ao serviço dos grandes desígnios nacionais. A valorização do nosso país no mundo assume-se como um imperativo.

A defesa dos Direitos do Homem, valor ético e universal, a questão dos refugiados, a escolha dos Oceanos no sistema multilateral das Nações Unidas, o combate da corrupção e dos tráficos humano e de drogas, a questão da sustentabilidade do planeta, e a intervenção nos processos de paz com Angola, Moçambique, Sara Ocidental e Timor são temas horizontais a ser vincados no palco internacional.

Mas, para analisarmos a política externa dos Estados, temos que nos concentrar nas ações individuais dos homens que os representam e na integridade da sua conduta. Exemplo bem claro de serviço a oportunismos táticos foi a decisão de Durão Barroso em juntar-se, em 2003, aos EUA e Reino Unido no apoio à declaração de guerra ao Iraque, completamente à margem da soberana decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Na mais recente crise diplomática entre a Rússia e a Inglaterra, que envolveu o alegado envenenamento de um ex-espião russo, também António Costa cederia a taticismos, ao anuir com o regime autocrático de Putin, onde os mais influentes oligarcas se abrigam no Kremlin e lá exercitam livremente os seus jogos de corrupção. Aliás, é caso para perguntar – onde estiveram e estão as lideranças fortes do Ocidente e, sobretudo, os presidentes norte-americanos, para exigir as reformas necessárias que promovam definitivamente a democracia neste país? Mal vamos nós em Portugal, com um Governo que não assume, clara e inequivocamente, a sua posição de total repúdio por um regime que se impõe pela extorsão, intimidação, códigos de sigilo e lealdade e mortes convenientes entre os principais críticos.

Infelizmente, são as condições internas dos Estados que influenciam a política externa dos mesmos. Os objetivos da ação diplomática são quase sempre influenciados pelas pressões domésticas, pela cor do partido que está no Governo, pela opinião pública e por necessidades económicas e sociais.

Devemos continuar a pugnar pela afirmação dos interesses de Portugal na Europa e no Atlântico. A sua contribuição para a paz nos Balcãs e o uso das Lajes como instrumento utilitário no contexto do confronto este-oeste protagonizado pela União Soviética e pelos EUA durante a Guerra Fria, são exemplos da importância de Portugal no mundo. Resta agora lutar com intrepidez pela extensão da plataforma continental portuguesa, concretizando de forma mais eficiente o que são os objetivos de sustentabilidade do país, ampliando a segurança jurídica para o exercício pleno da soberania e para a proteção do oceano.