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Pelo menos 25% dos alimentos são deitados fora. Inovação é a chave para combater desperdício

A análise foi feita durante a segunda conferência do ciclo “Conhecer para Decidir, Planear para Agir”, decorreu esta quarta-feira promovido pela Lusomorango e pela Universidade Católica Portuguesa, no qual o Jornal Económico foi ‘media partner’.
31 Março 2021, 17h03

De forma geral, entre 25% a 50% dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados nas diferentes fases das cadeias de valor.

Só nos países industrializados, estima-se que se deite fora 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos que dariam para alimentar mil milhões de pessoas no mundo. Na União Europeia, esse número cai para 89 milhões de toneladas de alimentos adequados para consumo humano que são perdidos ou desperdiçados por ano, sendo as famílias responsáveis por 53,6% desse valor, o equivalente a 47 milhões de toneladas de comida.

Em Portugal, esse valor recua para um milhão de toneladas, ou em média 100 quilos por pessoa, por ano que, segundo o diretor da Universidade Católica Portuguesa e professor de Empreendedorismo Social, Filipe Santos, “representa cerca de 20% do que é produzido no país”.

Esta análise sobre o desperdício alimentar e o impacto que tem na cadeia de valor do sector agroalimentar foi feita durante a segunda conferência do ciclo “Conhecer para Decidir, Planear para Agir“, decorreu esta quarta-feira. Este webinar, que decorrerá todas as quarta-feiras, até dia 14 abril, é promovido pela Lusomorango e pela Universidade Católica Portuguesa, no qual o Jornal Económico foi media partner.

Tendo isto em conta, o dean da Universidade Católica fez uma apresentação de quatro exemplos de empreendedorismo que têm como missão combater o desperdício alimentar: a ReFood, a Ugly Fruits, Winnow e TooGoodToGo. Todas estas apresentam soluções para combater esta problemática que, muitas vezes são ignoradas e que podem ser “transformadoras para o sector”, pois permitem poupanças “de 10%” tanto para a indústria como para o planeta, disse durante a sua intervenção.

Porém, ressalva que estes são só exemplos do que pode ser feito na indústria a nível local, nacional e mundial: “Não há uma silver bullet, por vez é necessário um fervilhar de inovações que comecem a atar sistemática e estruturalmente os problemas da eficiência da cadeia alimentar”.

Ainda durante a sua apresentação, fez referência a modelos inovadores, mais “disruptivas”, por nos chegarem de fora da indústria e por “serem demasiado radicais”.

Como tal, deu o exemplo de plataformas digitais que fazem a ponte entre produtores e consumidores, reduzindo, desta forma, o desperdício alimentar, iniciativas que promovem a agricultura urbana, nomeadamente, em prédios e edifícios (agricultura vertical), a agricultura hidropónica, uma técnica de cultivo de plantas sem solo e também, a permacultura.

Segundo Filipe Santos, “há um conjunto de tendências cada vez mais forte de consumo e de visão do mundo” e que dão resposta ao novo consumidor. “A convergência destas tendências pode criar um tipo de agricultura que se torne numa alternativa credível e competitiva, face à agricultura tradicional”, frisou.

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