O presidente norte-americano mudou, não porque o Partido Democrata não tenha sido derrotado nas eleições de 5 de novembro, que foi, ou porque Donald Trump, vitorioso, tenha tentado regressar mais cedo à Casa Branca, mas sim porque o seu atual inquilino, Joe Biden, mudou de ideias. Fê-lo sobre a intervenção na guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia, passando de uma posição cautelosa nas permissões para o uso do armamento que entregou a Kiev e, também, de seguida, pelo tipo de dispositivos que aceita disponibilizar.
Mr. Joe sempre rejeitou autorizar ataques com mísseis de longo alcance para atingir território russo, mesmo contra o parecer de outros membros da NATO. Agora, Dr. Biden acedeu, como também concordou no fornecimento de minas antipessoais às forças armadas ucranianas, contrariando a política de Mr. Joe que, apesar de os Estados Unidos não serem signatários da Convenção de Otava que bane a utilização destes dispositivos, recuperou, em 2022, uma lei que impedia a exportação de minas antipessoais para outros locais que não a península coreana.
Tudo isto acontece a dois meses de Donald Trump assumir a presidência como o 47º presidente norte-americano – será empossado 20 de janeiro. Para todos os efeitos, terá uma margem mais reduzida para lidar com uma guerra que se prolonga já há mais de mil dias e com que Trump prometeu que acabaria rapidamente, porque qualquer ideia de escalada, a partir daqui, será ainda mais arriscada. E isto se Mr. Joe e Dr. Biden não guardarem ainda mais surpresas para o fim de mandato.