As sondagens mais recentes, realizadas após o anúncio da demissão do primeiro-ministro, têm revelado uma queda drástica dos dois maiores partidos, que tinham variado entre 78% em 2002 e 64% em 2019 (70% em 2022) para valores abaixo dos 50%.

Esta queda dos maiores partidos não é um exclusivo nacional, é antes uma tendência generalizada na Europa e chegou atrasada ao nosso país, tendo como contrapartida o crescimento dos que eram pequenos e o surgimento de novos. Recordemos que foi apenas em 2019, que a IL, o Chega e o Livre conquistaram o primeiro e único deputado.

Passando para os temas da governação, ouvem-se demasiado comentários avulsos dos diversos partidos e seria necessária uma abordagem estruturada. Por isso, eis algumas das perguntas que gostaria de ver respondidas pelos partidos às próximas eleições. Quais são as áreas prioritárias para o próximo governo? Sem grande esperança de receber resposta, apresento o que considero devem ser as matérias prioritárias: crescimento económico, habitação, saúde, educação, reforma da despesa pública.

O crescimento económico tem faltado há mais de duas décadas e as consequências disso têm sido as piores: estagnação dos salários, contas públicas em estado de permanente aflição, com cortes nas mais variadas áreas do Estado. Os outros temas são demasiado evidentes para necessitarem de grandes justificações, excepto o último.

Temos uma combinação péssima de impostos elevados e serviços públicos muito deficientes, por, entre outras razões, haver graves faltas de eficiência. Todos os gastos excessivos por desorganização, burocracia supérflua e outros problemas são a pior forma de gastar o dinheiro dos impostos, que tanto nos custam a pagar.

Em relação aos temas prioritários, não basta anunciar que estão muito empenhados neles, é necessário que os partidos definam metas calendarizadas, em particular para 2028, o fim esperado da nova legislatura. Deixo em seguida alguns exemplos.

Considerando o final de 2028: qual é o crescimento acumulado do PIB que almejam? Qual a meta para a construção total (novos fogos e reabilitados)? Em Outubro de 2023, havia 1,68 milhões de pessoas sem médico de família; em quanto pretendem diminuir este flagelo? Quais os objectivos concretos que têm para a educação, em particular para reduzir as carências de professores? Que medidas concretas de simplificação administrativa pretendem concretizar e quais as poupanças esperadas delas?

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.