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Perigo de fuga leva a detenção de mulher de ex-banqueiro João Rendeiro

A mulher do ex-banqueiro João Rendeiro foi, esta quarta-feira, detida pela Polícia Judiciária (PJ), na Quinta Patino, em Cascais. O Ministério Público alega perigo de fuga no âmbito da operação que levou hoje a dezenas de buscas da PJ que se estenderam ao ex-motorista de Rendeiro, Florêncio de Almeida, suspeito do crime de branqueamento de capitais.
3 Novembro 2021, 16h06

O Ministério Público (MP) confirma a detenção da mulher do ex-banqueiro João Rendeiro na sequência de dezenas de buscas hoje realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) e membros do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). MP justifica detenção por existir “um forte perigo de fuga, para a aquisição e conservação da prova e para a descoberta da verdade”. Em causa estão suspeitas da prática dos crimes de branqueamento, falsificação e descaminho, relacionados com o acervo de obras de arte.

“Por se ter considerado existir um forte perigo de fuga, para a aquisição e conservação da prova e para a descoberta da verdade, contra uma suspeita foram emitidos e cumpridos mandados de detenção para ser apresentada, no prazo de 48 horas, a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas de coação adequadas”, avança o MP em comunicado.

Recorde-se que ao longo da manhã a PJ tem levado a cabo mais de uma dezena de buscas domiciliárias, onde se inclui as residências de Florêncio Almeida atual presidente da Antral e ex-motorista de João Rendeiro, bem como do pai do ‘rei dos táxis’ também com o mesmo nome.

Segundo o MP, encontra-se em curso na zona de Lisboa e Cascais o cumprimento de nove mandados de busca domiciliária e de oito mandados de busca não domiciliária. Nesta investigação, o DCIAP, além da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, conta, igualmente, com a colaboração da Autoridade Tributária. A operação desencadeada visa a recolha da prova dos factos e a recuperação de produto do crime.

Tais mandados, acrescenta em comunicado, “foram emitidos no âmbito de inquérito a correr termos no DCIAP e que tem por objeto, entre outros, a prática de crimes de branqueamento e de descaminho, relacionados com fundos que se suspeita terem sido retirados do Banco Privado Português, assim como com as obras de arte apreendidas a João Rendeiro no âmbito de processo no qual se encontra condenado”.

Na base desta operação está também a compra e cedência de um apartamento no valor superior a um milhão de euros por parte de Florêncio Almeida, quando era motorista do ex-banqueiro, a pronto pagamento, cedendo depois o uso do mesmo à mulher de João Rendeiro, mas o Ministério Público acredita que o fez de forma dissimulada com o dinheiro do patrão.

A mulher de Rendeiro é suspeita não só pela alegada conivência nos esquemas de branqueamento com negócios imobiliários mas também por, enquanto fiel depositária, ter permitido que o marido vendesse obras de arte que estavam apreendidas pela justiça, trocando as mesmas por outras que terão sido falsificadas, enganando a mesma justiça.

Na passada sexta-feira, dia 29 de outubro, a mulher de João Rendeiro, escusou-se a prestar declarações em audiência em tribunal, sobre o paradeiro das obras de arte, alegando não ter “condições psicológicas” para o fazer. Na mira da justiça estão suspeitas, além da alegada conivência nos esquemas de branqueamento com negócios imobiliários, de ter permitido, enquanto fiel depositária, que Rendeiro vendesse obras de arte que estavam apreendidas pela justiça e também a alegada troca de algumas obras por outras que terão sido falsificadas.

O antigo presidente do BPP foi condenado a 28 de setembro passado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por burla qualificada, está em parte incerta, fugido à justiça.

Recorde-se que o João Rendeiro informou o tribunal que se iria ausentar para Londres entre 12 e 30 de setembro, alegando motivos de saúde. A dois dias do fim do prazo dado pelo próprio, João Rendeiro publicou um texto no seu blog “Arma Crítica” onde admite a fuga por se sentir “injustiçado pela justiça do meu país”.

O ex-banqueiro aproveitou então a viagem a Londres para depois fugir para um país fora da Europa, num movimento para dificultar a extradição.

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