A empresa de bebidas espirituosas Pernod Ricard tem apostado na inovação como um dos seus drivers de crescimento, num investimento significativo para o grupo e também para o mercado português.
Em entrevista ao Jornal Económico, o managing director da Pernod Ricard, Bruno Calvão, assumiu que a filial em Portugal tem apostado na inovação e que isso tem feito crescer o seu negócio nos últimos anos.
“Acelerámos muito a inovação nos últimos dois anos. Sempre fez parte dos nossos drivers de crescimento procurar o que os nossos clientes queriam”, aponta Bruno Calvão. Esta aposta é significativa, uma vez que o mercado das bebidas espirituosas se manteve estável e sem novidades nos últimos anos.
Na mesma entrevista, que decorreu nos escritórios da Pernod Ricard, o managing director defende que “inovação não é só ir à procura de novas tendências” e que “não está só nas coisas novas”. “A inovação não é só coisas coisas, mas também reinventar e reavivar categorias e tipologias”.
Este tem sido o mote da empresa e a rampa que levou à sua subida no mercado.
Atualmente na segunda posição do mercado, Bruno Calvão admite uma quota de 18,8% no sector das bebidas espirituais. “Estreitámos o gap de diferença para o primeiro lugar. Agora temos uma diferença de 1,5 pontos. Há dez anos tínhamos uma diferença de dez pontos, portanto estamos a ter uma trajetória muito interessante”.
O objetivo da Pernod Ricard para Portugal, conta o managing director, é simples: “Queremos ser líderes de mercado”.
O responsável do grupo no mercado português assume que a inovação dos produtos “contribuíram para 50% do nosso top line growth de crescimento”. “É importante para a dinamização do nosso negócio e para aquilo que foram os ganhos de quota de mercado que acabámos por ter”, assume.
“Contrariamente ao que acontecia há umas décadas, hoje é cada vez mais importante inovar em todos os sectores. Na indústria das bebidas espirituosas passou a ser mais relevante, sempre com preocupação e foco no consumidor e sobre o que este pede”.
Todos os conceitos são testados no mercado português mas apenas os mais interessantes e que demonstram ser a medida certa entram para o portfólio da empresa. “Só trazemos para o nosso portfólio o que é importante para o nosso consumidor”.
Bruno Calvão admite que esta é uma indústria “pouco movida por inovação”, dado serem “segmentos definidos e muito fechados”.
A título de exemplo, o responsável enumera algumas das marcas onde a inovação provou ser o tiro certeiro.
Apenas disponível no mercado ibérico, a Pernod Ricard lançou o gin Beefeater Light. “É uma tendência no-low e os outros mercados já querem lançar este produto depois de verem o sucesso. É uma tendência pequena em termos de share mas grande em termos de futuro”.
Outro exemplo é o Jameson, onde o grupo apostou nos sabores, além da Beefeater. “Pegar numa marca como Jameson e lançar um sabor era algo impensável há uns anos. O Jameson Orange mostrou que a indústria tinha capacidade de evolução e quebrar os silos das categorias tradicionais”.
Num balanço mais direto de um produto português, Bruno Calvão dá o exemplo da Macieira, tendo lançado a versão cream. “Em sete meses de lançamento, ultrapassámos os 25% de quota de mercado. Só no mês de abril foi a referência número um da categoria dos licores”.
O segmento ready to drink é algo que tem “vindo a ganhar tração” no mercado.
“No passado já existiu um boom deste segmento de ready to drink e perfect serve, possivelmente há mais de uma década”, recorda. Foi na altura da pandemia e com o retomar dos convívios sociais que este segmento voltou a ganhar destaque.
“Na altura da pandemia houve ausência de convívio social e após esse período, as pessoas quiseram estar juntas em sítios alternativos. Esta praticidade de compra e consumo, em casa ou outro lugar, fez com que esta categoria fosse interessante e apresentasse uma necessidade de consumo que não existia”, destaca o responsável.
Apesar de ser uma “categoria embrionária”, como o próprio diz, “já revelou um poder de crescimento muito grande”. Em pouco tempo ultrapassou categorias que tinham o seu lugar há anos.
Contudo, este segmento revela os “momentos cíclicos” que o mercado vive. “Objetivo é estarmos atentos aos consumidores e lançar produtos que façam sentido nesse momento. Temos de nos lembrar que as gerações estão em constante mutação”.
Agora, o objetivo da Pernod Ricard é ampliar o portefólio ready to drink para outras categorias. Coloca-se a questão: qual a próxima bebida espirituosa a surgir em lata?
Em 2021, o grupo adquiriu um parte minoritária da americana Sovereign Brands, que tem marcas como Luc Belaire e The Deacon. “É um portefólio diferente mas complementar ao nosso”.
Com o lançamento do vinho espumante Luc Belaire, o rum Bumbu e o whisky escocês The Deacon em Portugal, a Pernod Ricard visa acelerar a sua presença no “segmento ultra premium“. “Vai satisfazer uma franja de clientes a que não chegávamos e esse era o objetivo”, aponta.
O distribuidor vai agora tirar partido do seu conhecimento do mercado nacional e promover oportunidades de crescimento para estas marcas. A Pernod Ricard reforçou a sua participação ainda em 2022, com a Pernod Ricard a distribuir os produtos da Sovereign Brands a chegar aos 50 mercados em que opera.
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