Personas mayores é um termo espanhol que para mim representa um enorme respeito para com as pessoas maiores que são, realmente, as pessoas mais idosas. O saber que se vai acumulando, a experiência, a forma de ver e de observar, a clareza no interpretar, são realmente capacidades que se vão ganhando e moldando o ser humano ao longo do avançar do percurso da sua vida.

Há áreas profissionais em que na maioridade, no avançar da idade, esta fonte de enriquecimento, conhecimento, destreza podem ser mais facilmente reconhecidas.

Na prática da arquitetura, que é a minha atividade, diz-se mesmo que o pico da carreira se atinge por volta dos 50 anos. Já pensaram no que a arquitetura teria perdido se, pela ideia, pelo preconceito, pelo idadismo, pessoas e profissionais como, por exemplo, arquitetos maiores como o arquiteto Siza Vieira ou o arquiteto Souto Moura fossem afastados ou esquecidos ao passarem os 50 anos?

São apenas dois exemplos de entre muitos, mas que facilmente encontramos um pouco por todo o lado e em diversas profissões.

A verdade é que os mais velhos têm coisas que os mais novos ainda não têm. Os mais novos têm coisas que os mais velhos já não têm (ou nunca tiveram…). Os que andam pelo meio vão ganhando umas e perdendo outras. É a vida a acontecer. É a riqueza da diversidade, com a qual temos muito a ganhar enquanto organizações e enquanto sociedade.

A gestão de gerações que vão desde os Baby Boomers aos Z é realmente um desafio. Mas também é aí que está a riqueza e a mais-valia de uma organização. A resiliência das gerações mais velhas acaba por ter o contraponto no equilíbrio entre o trabalho, a vida social e o bem-estar das gerações mais novas.

Quando o ‘conflito’ geracional, o confronto de ideias e o equilíbrio entre a aceleração e a calma da destreza resultam em diálogo e cooperação, é deveras enriquecedor e um fator diferenciador nos resultados que se atingem. Ideias frescas que assentam em bases consistentes, conhecedoras e bem fundamentadas. Um resultado que englobe e seja abrangente.

Por outro lado, a semelhança entre trabalhar num escritório dos anos 90 ou num escritório atual, torna-se pura ficção. As necessidades atuais são outras, muito alavancadas pela tecnologia, mas também por novas prioridades – leia-se, exigências – que foram sendo impostas geração após geração. Hoje os escritórios são desenhados para promover a colaboração e a criatividade, com foco na flexibilidade e na promoção do bem-estar.

Também a sustentabilidade é atualmente um critério de escolha das gerações mais recentes, que procuram um propósito para além do mero trabalho em si. Infelizmente, o que por vezes observo (e é um espelho da sociedade ocidental) é o facto de os mais velhos estarem a ser descartados em vez de valorizados, rejeitados em vez de considerados pela sua experiência e por todo um conjunto de mais-valias associadas.

Nesta sociedade, valorizemos sem hesitações o tempo de cada um: o mais acelerado, mas também o mais calmo e compassado. Valorizemos tudo o que as pessoas têm para dar, nas diferentes fases da sua vida profissional, com a maior dignidade e respeito de que todas são merecedoras.