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Petróleo: “Conformidade geral com os ajustes de produção foi de 114%”, revela reunião da OPEP

O compromisso pedido pela OPEP aos países produtores de petróleo, sobre os cortes na produção, foram cumpridos, registando uma conformidade total com esses ajustes da ordem dos 114%, o que permitiu estabilizar as cotações internacionais do petróleo dentro de níveis de preços compatíveis com os orçamentos dos produtores.
  • Nick Oxford / Reuters
1 Junho 2021, 17h37

A 17ª reunião dos países OPEP e não-OPEP, realizada esta terça-feira, 1 de junho, por videoconferência, “saudou o desempenho positivo dos participantes na Declaração de Cooperação”, confirmando que os objetivos de estabilização do mercado internacional do petróleo foram concretizados pelo cumprimento dos compromissos assumidos por todos os participantes.

A “conformidade geral com os ajustes de produção foi de 114% em abril” (incluindo o México), reforçando a tendência de alta conformidade dos países participantes. Os cortes de dois milhões de barris de petróleo do lado da produção deverão ser repostos gradualmente, com compensações aos países produtores que serão asseguradas até setembro de 2021.

Tendo em vista os atuais fundamentos do mercado de petróleo e o consenso sobre suas perspetivas, esta reunião de 1 de junho de 2021 reafirmou “o compromisso existente dos países participantes com um mercado estável”, no “interesse mútuo das nações produtoras”, bem como o “abastecimento eficiente, económico e seguro aos consumidores” e, ainda, um “retorno justo sobre o capital investido”.

A 17º reunião observou o “fortalecimento contínuo dos fundamentos do mercado, com a procura de petróleo” mostrando “sinais claros de melhoria” e os “stocks da OCDE a caírem à medida que a recuperação económica prossegue na maior parte do mundo, consoante o avanço dos programas de vacinação”.

A reunião reconfirmou o “compromisso existente desde a 10ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP, realizada em abril de 2020” – e alterado em junho, setembro e dezembro de 2020, bem como em janeiro e abril de 2021 – para “repor gradualmente o fornecimento de dois milhões de barris de petróleo por dia”, seguindo os adequados “ajustes ao mercado”, sendo o ritmo de reposição “determinado de acordo com as condições de mercado”.

Reiterada “importância crítica de aderir à conformidade total”

Foi igualmente reiterada a “importância crítica de aderir à conformidade total” e de “aproveitar a extensão do período de compensação até ao final de setembro de 2021, conforme solicitado por alguns países de baixo desempenho”. Os planos de compensação devem ser apresentados de acordo com a declaração da 15ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP, recordaram os participantes.

Também foi reafirmada a decisão tomada na 15ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP, no que diz respeito aos “ajustes de produção para o mês de julho de 2021, dados os fundamentos de mercado observados”.

Foi enfatizada a “necessidade de continuar a consultar e monitorizar de perto os fundamentos do mercado e manter as reuniões ministeriais OPEP e não-OPEP mensais, até ao final da decisão tomada na 10ª Reunião Ministerial OPEP e não-OPEP, em 12 de abril de 2020”. A 18ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP ficou agendada para 1 de julho de 2021.

Esta reunião foi formalmente aberta pelo príncipe Abdul Aziz Bin Salman, ministro da Energia da Arábia Saudita, e por Alexander Novak, vice-primeiro-ministro da Federação Russa, sendo presidida pelo ministro dos Recursos Minerais, dos Petróleos e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, que admitiu que o mundo dos petróleos está a “enfrentar o processo de reequilíbrio” que possibilitará “o retorno de uma estabilidade mais sustentável”.

Ministro angolano agradeceu a Barkindo, secretário-geral da OPEP

Diamantino Azevedo elogiou o “excelente trabalho da Comissão Técnica Mista”, agradecendo a Mohammad Sanusi Barkindo, o secretário-geral “incansável” da OPEP, e a toda a sua equipa da Secretaria da OPEP, “por garantir o pleno e eficiente funcionamento do Secretariado e do processo do compromisso assumidos pelos participantes nestes tempos desafiadores”.

“Desde a última vez que nos encontrámos, no final de abril, temos visto relativa estabilidade no mercado de petróleo”, comentou Diamantino Azevedo.

“A economia global, os fundamentos do mercado de petróleo e as perspetivas da procura por petróleo foram encorajados por notícias positivas sobre a inoculação de vacinas – embora ainda precisemos ver uma maior expansão na frente de vacinação nos países em desenvolvimento –, e pelo contínuo estímulo fiscal que está a impulsionar a recuperação económica”, referiu Diamantino Azevedo.

“O mercado também continua a reagir positivamente à decisão tomada na 15ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP, e reforçada na 16ª Reunião, de ajustar os níveis de produção no compromisso dos participantes para maio, junho e julho de 2021”, adiantou o ministro angolano.

“É evidente que a decisão que tomámos no início de abril provou ser razoável e criteriosa”, referiu Diamantino Azevedo, adiantando que “dado os eventos do último ano e as perspetivas em constante evolução, precisamos de permanecer vigilantes, flexíveis e ágeis”.

“Ainda temos nuvens no horizonte”

Porque, diz o ministro angolano, “as incertezas permanecem”. “Ainda temos nuvens no horizonte”, alerta. “No último mês, houve um aumento nos casos de Covid-19 em vários países, como a Índia, o Japão e o Brasil. Isso, evidentemente, está tendo um impacto na procura de petróleo, particularmente na região asiática, que precisa ser monitorizada cuidadosamente”, referiu.

“Também se fala muito da disseminação de novas variantes Covid-19 e do seu potencial impacto no processo de recuperação. Também precisamos de estar atentos a questões como os níveis de dívida soberana em algumas regiões, à inflação, às respostas do Banco Central e ao retorno dos suprimentos de petróleo ao mercado”, comentou Diamantino Azevedo.

O ministro angolano agradeceu novamente a todos os países participantes, “pelos seus esforços individuais e coletivos em conformidade, que permitiram alcançar um nível de compromisso da ordem dos 114%, em abril (incluindo a posição do México)”, agradecendo em especial à Arábia Saudita, pelos “seus generosos ajustes voluntários adicionais, efetuados em 2021”.

Diamantino Azevedo concluiu a sua intervenção abordando a questão dos investimentos. “Aqui em Angola, o investimento na produção de petróleo e gás é a força vital da nossa economia, ajudando no crescimento e na prosperidade dos combustíveis, e permitindo empreender a diversificação económica”, referiu.

“Petróleo e gás serão vitais para o mix energético”

“Acreditamos que o petróleo e o gás serão vitais para o mix energético global nos próximos anos e décadas, mas ao mesmo tempo também reconhecemos a necessidade de reduzir as emissões, com foco fundamental em tecnologias mais limpas e eficientes”, sublinhou o ministro angolano. “Além de garantir estabilidade aos consumidores, este é um foco central da OPEP e da indústria de petróleo e gás mais ampla. Estamos comprometidos em fazer parte da solução para a redução das emissões globais”, salientou.

“Precisamos ter em mente que, para os investimentos globais necessários, há o potencial para mais volatilidade e um futuro défice energético, o que não é do interesse dos produtores ou consumidores”, admitiu Diamantino Azevedo, adiantando que, “do ponto de vista dos países em desenvolvimento, é importante ressaltar o quão desafiadora é uma meta líquida de emissões zero nas próximas décadas, e até mesmo além”.

“Vindo do continente africano, falo com o coração ao sublinhar que, se milhões de pessoas no mundo em desenvolvimento, que sofrem com a falta de acesso à energia, sentem que são excluídas do acesso a energias que ajudaram a alimentar o mundo desenvolvido, então isso pode semear mais divisões, agravando a divisão entre os que têm e não têm energia, respetivamente o Norte global e o Sul”, alertou Diamantino Azevedo.

Por isso, Diamantino Azevedo diz que “é vital que nos continuemos a focar nos princípios fundamentais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), a equidade, as responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e as respetivas capacidades”.

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