[weglot_switcher]

Philip Morris recebe certificado por salários iguais por trabalho igual, independentemente do género

Em declarações ao Jornal Económico, à margem da conferência “Fair Share”, organizada pela PMI, em Lausana, na Suíça, Melissa Whiting, vice-presidente para a inclusão e diversidade da multinacional, explicou que este foi um processo que demorou cerca de dois anos.
  • Fotografia cedida
11 Março 2019, 07h37

A Philips Morris International (PMI) tornou-se na semana passada a primeira multinacional a ser certificada em termos de igualdade salarial pela Equal-Salary Foundation. A classificação certifica que a empresa paga a todos os colaboradores, independentemente do país, salários iguais por trabalho igual, independentemente do género.

Em declarações ao Jornal Económico, à margem da conferência “Fair Share”, organizada pela PMI, em Lausana, na Suíça, Melissa Whiting, vice-presidente para a inclusão e diversidade da multinacional, explicou que este foi um processo que demorou cerca de dois anos.

O certificado “equal-salary”, foi criado em 2005, pela Equal-Salary Foundation, uma fundação independente sem fins lucrativos, cujo objetivo é conceder às empresas um rótulo que certifica o pagamento de salários iguais a homens e mulheres.

A vice-presidente para inclusão e diversidade da PMI reconheceu que o principal desafio foi “de certa forma, que as pessoas compreendessem todo o trabalho envolvido [para obter a certificação]”.

“A certificação ‘salários iguais por trabalho igual’, que significa que trabalhos iguais ou equivalentes recebem salários iguais, é uma confirmação de que isso acontece. O que é muito importante, mas a metodologia vai além disso”, referiu.

Melissa Whiting explicou que incluiu uma análise estatística de todos os salários dos trabalhadores da PMI a nível global, mas também uma avaliação qualitativa às subsidiárias nacionais, através da PwC, que realizou a auditoria. Em Portugal, a Tabaqueira Nacional – subsidiária da PMI – foi incluída na análise e iniciou também o processo de certificação local.

“Esta avaliação não é somente sobre o pagamento de salários, mas também sobre a forma como é feito o recrutamento, como são feitas as promoções”, disse. “Penso que no início as pessoas pensavam que era algo fácil e, em seguida, percebem que é muito mais do que isso”.

O objetivo é criar não apenas uma empresa mais inclusiva, que promova a diversidade, mas contribuir para uma sociedade onde esses valores vigorem, diz. “A igualdade de género é um fator crítico para todos e é algo muito complexo”, disse. “Promover a igualdade de género não é apenas algo que que diga respeito às empresas, envolve toda a sociedade”.

Neste sentido, Melisa Whiting diz esperar que o exemplo da PMI nesta vertente possa servir de inspiração a outras empresas locais. A multinacional tem atualmente 34,4% de mulheres em cargos de gestão, mas pretende elevar a fasquia para 40% até 2020 e atingir um rácio de género de 50:50 no recrutamento. “Penso que daqui a dez anos seremos uma empresa muito equilibrada em termos de género”, antecipa.

De acordo com dados da Tabaqueira Nacional, 42% dos funcionários da PMI a nível global são do sexo feminino e 40% dos novos recrutamentos em 2018 foram mulheres para cargos de gestão. Entre as mulheres em cargos de gestão, 15% são líderes séniores, 29% exercem cargos de diretoria e 37% são gestoras.

A Tabaqueira Nacional salienta que a empresa procura promover uma representação equilibrada através de iniciativas como “planos personalizados de carreira e de desenvolvimento para mulheres líderes de perfil sénior”, assim como “identificar e remover avaliações subjetivas, preconceitos e estereótipos no recrutamento e avaliação de desempenho e talento” e “a possibilidade de trabalho flexível em mais de 70 países”.

“É fundamental para o nosso sucessor garantirmos um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado. É o que impele a inovação, melhora a forma como tomamos decisões e amplia as nossas perspetivas”, acrescenta.

“Somos o que vemos”
A frase foi de Marian Salzman, vice-presidente sénior das comunicações globais da PMI, na abertura da conferência “Fair Share: the future of communicating with women”, dirigida a uma plateia quase exclusivamente masculina. O objetivo era, segundo a organização, promover a consciência e provocar o debate e a reflexão sobre a importância da comunicação – com enfoque no sexo feminino.

Marian Salzman lançou o debate numa apresentação sobre a construção de ideias sobre a representação dos papéis de género na sociedade, através da cultura pop. Com destaque para as ideias associadas ao sexo feminino nas campanhas publicitárias, mas também em séries televisivas ou na promoção de figuras públicas, traçou uma imagem positiva da evolução desta representação.
“Se não gostarmos do que vemos, precisamos de o dizer, de o afirmar”, disse.

Ao Jornal Económico, Melissa Whiting sublinhou que “não há progressos, a não ser que tomemos medidas”. “Algumas dos temas que falámos envolvem estereótipos. O que achamos que é feminino, o que achamos que é masculino, quais são os papéis tradicionais na sociedade, por exemplo. E são tudo questões complexas”, acrescentou.

Foi neste sentido que Lera Boroditsky, professora associada de ciência cognitiva na Universidade da California e uma das oradoras convidadas, defendeu a importância da linguagem. “A linguagem é uma ferramenta poderosa porque molda”, disse, acrescentando que “se a nossa linguagem distingue algo, a necessidade de distinção passa a existir”. Para Lera Boroditsky a linguagem assume, assim, um papel relevante na promoção da igualdade de género, não apenas no contexto profissional, como na sociedade no geral.

*A jornalista viajou a convite da Tabaqueira Nacional. 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.