Atravessamos um momento crítico no combate às mudanças climáticas, e a eletrificação do transporte desempenha um papel fundamental. Os consumidores têm aderido cada vez mais aos veículos elétricos, à medida que as políticas públicas e os desenvolvimentos tecnológicos surtem efeito.

Com a procura a crescer, os fabricantes automóveis terão, novamente, um papel crítico para garantir a sustentabilidade da cadeia de abastecimento.

1. Práticas de sourcing éticas
A produção sustentável de veículos elétricos requer um fornecimento ético de materiais. Elementos como lítio, cobalto, e níquel, e elementos de terras raras (neodímio, disprósio e praseodímio), cruciais para as baterias, foram historicamente associados a práticas de mineração antiéticas e à degradação ambiental, tipicamente em mercados extra-UE.

Atualmente, os fabricantes adotam medidas para garantir a extração e o fornecimento mais sustentáveis destes materiais, privilegiando a colaboração com fornecedores que cumprem padrões ambientais e sociais cada vez mais rígidos. Ao promoverem práticas mais éticas, os fabricantes contribuem para reduzir o impacto ambiental e aumentar a transparência da cadeia de abastecimento.
Adicionalmente, alguns fabricantes já se focam em eliminar o consumo de minerais de conflito (por exemplo, estanho, tântalo, tungsténio, ouro) da cadeia de abastecimento.

2. Tecnologias de fabrico mais sustentáveis
Enquanto componente crítica dos veículos elétricos, as baterias são o principal foco dos fabricantes, que investem cada vez mais para reduzir a dependência de materiais raros e ecologicamente prejudiciais. Elementos catódicos alternativos, nomeadamente o fosfato, têm potencial para melhorar o desempenho das baterias: recentemente, a Noruega validou a descoberta de reservas significativas de fosfato, o que pode ajudar a reduzir a dependência da China e Marrocos.

Também aqui já existem casos de estudo relevantes, nomeadamente (i) primeiros passos nas baterias de fosfato de ferro e lítio (LFP); (ii) maior utilização de energias renováveis nas fábricas, muitas vezes através da produção e consumo locais; (iii) elevados investimentos na reciclagem das baterias e dos seus componentes, garantindo a recuperação e valorização de materiais; e (iv) modelos de negócio battery-as-a-service, que incluem pacotes trocáveis que reduzem os tempos de carregamento e prolongam a vida útil.

3. Integração de materiais reciclados
Para reduzir a sua pegada ambiental, os fabricantes também estão a incorporar mais materiais reciclados, especialmente nos componentes interiores dos veículos, tais como assentos e tapetes.

Os principais casos de estudo incluem a incorporação de (i) garrafas PET, (ii) redes de pesca, e (iii) materiais derivados de plantas. O aço e o alumínio reciclados são, também, cada vez mais incorporados, assim como as fibras recicladas (poliéster, nylon).

4. Processos de fabrico mais eficientes
A preocupação dos fabricantes com a sustentabilidade ultrapassa a incorporação de materiais reciclados, estendendo-se ao processo de fabrico.

Globalmente, observam-se casos de estudo que incluem (i) a implementação de medidas de eficiência energética (por exemplo, a otimização do layout dos sites) que minimizam o consumo de eletricidade, e (ii) a melhoria dos sistemas inteligentes de gestão de energia, recuperação de calor e ventilação.

À medida que estas práticas se tornam o padrão da indústria, o sector poderá alavancar o seu posicionamento para liderar o caminho para um futuro mais sustentável, contribuindo eficazmente para garantir um mundo melhor para as futuras gerações.