Foram divulgados os resultados do PISA 2022. O Programme for International Student Assessment (PISA), da responsabilidade da OCDE, afere os conhecimentos de Matemática, Leitura e Ciência de uma amostra de alunos com 15 anos.

A avaliação de 2022 revela uma queda inédita nas médias dos alunos portugueses. A Matemática, os alunos perderam o equivalente a um ano de estudo, apresentando, aos 15 anos, o desempenho esperado num aluno de 14 anos.

Confesso que não simpatizo muito com rankings – tendem a tornar-nos dependentes de alguns resultados pré-definidos, esquecendo aquilo que podem ser objetivos mais importantes. Mas, uma vez adotados, há que tirar ilações da sua evolução.

O resultado do PISA 2022 veio contrariar aquilo que parecia garantido, já que os estudos anteriores descreviam Portugal como um dos países de sucesso no programa, tendo registado um crescimento consistente do desempenho nas três vertentes avaliadas, desde 2000.

Para quem está habituado a ouvir que produzimos a geração mais bem preparada de sempre, que só noutras paragens consegue encontrar salários ajustados à suas qualificações, esta queda terá surgido como um grande contrassenso. Não tendo capacidade para retê-los, teremos desistido de educá-los?

Este desempenho, infelizmente, não tem nada de surpreendente e estende-se a muitos outros países. Já se antevia que a pandemia e a longa duração do encerramento das escolas se iriam refletir de forma negativa no desempenho escolar dos alunos portugueses.

Em 2020, a OCDE avisou para este efeito (global) e foi até mais longe, projetando as perdas económicas esperadas desta decisão. Segundo esta instituição, estes alunos iriam ter três por cento menos rendimento ao longo da sua vida, enquanto o PIB anual dos países se reduziria em 1,5 pontos ao longo deste século em média.

Ora, findos os confinamentos, alunos e professores regressaram às escolas e à normalidade, ignorando as debilidades acumuladas pelos primeiros e reveladas pelas últimas. Desconsiderou-se a necessidade de adotar medidas para recuperar o tempo perdido e encarou-se com naturalidade a perda de autonomia e a inatenção revelada por estes alunos (falo da experiência a jusante).

Os resultados do PISA 2022 não surpreendem. Vêm demonstrar que é preciso intervir com políticas de educação para inverter os efeitos do confinamento sobre o conhecimento dos alunos portugueses. O surgimento de tais medidas é que seria surpreendente.