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Plano de António Costa Silva visa portos, energia, digital e saúde

“Esta crise mostrou que o papel do Estado tem que ser mais valorizado, mais Estado na economia, o Estado é o último protetor contra todo o tipo de ameaças”, afirmou o gestor independente, que diz ser “favorável aos mercados”, convidado pelo primeiro-ministro para elaborar um plano de recuperação económica para o pós-pandemia Covid-19.
31 Maio 2020, 21h12

António Costa Silva foi convidado pelo primeiro-ministro para elaborar um plano de recuperação económica para o imediato, mas também médio e longo prazo depois da pandemia da Covid-19.

O presidente da petrolífera Partex, que estará de saída do cargo depois da empresa ter sido comprada por tailandeses, disse que foi convidado pelo primeiro-ministro a 24 de abril para elaborar um plano de recuperação económica para o país.

“Quando o primeiro-ministro me convidou, não o conhecia, telefonou-me no dia 24 de abril, convidou-me para ir almoçar no Palácio de São Bento. Lançou me um desafio, um plano para o day after [o pós-pandemia], o que o país precisa de fazer. Eu no dia 25 de abril pensei, escrevi mais ou menos o plano na cabeça e depois nos dias seguintes pus em papel”, disse o gestor em entrevista à RTP este domingo.

“Há um primeiro draft, que tem os eixos estratégicos que eu acho que é muito importante discutir: primeiro, com os recursos financeiros que existirem, apostar nas infraestruturas físicas do país, modernizá-las todas, qualificar a rede viária, intervir muito no sistema de portos que é fundamental alavancar as exportações do pais, toda a rede portuária, construir um hub portuário, que tem sido desenvolvido um trabalho extraordinário nos portos, mas é muito importante infraestruturas portuárias, plataformas logísticas, ampliações de cais, que sejam uma aposta clara deste Governo”, revelou António Costa Silva.

O seu plano visa também “todas as infraestruturas que tem a ver com a energia e com o ambiente, nomeadamente a rede elétrica nacional, gestão da água, os recursos aquíferos, e sistema de distribuição da água, que é um recurso fundamental para o futuro”.

O segundo eixo deste plano “são as infraestruturas digitais que a crise revelou para acelerar a transição digital. Vimos em relação as escolas que o pais é muito desigual, as escolas não estavam equipadas, não tinham competências, assim é preciso estender a fibra ótica a todo o território nacional, e depois treinar a administração publica, escolas, universidades, centros de investigação, para que haja uma galáxia de pequenos projetos que permitam aumentar a qualificação, e as competências digitais”.

Em terceiro, o plano passa por criar um “grande programa para as pequenas e medias empresas, que são mais de 95% do nosso tecido empresarial, aumentar as suas competências digitais vai ter um impacto brutal na economia e vai forçar um certo desenvolvimento”, segundo disse António Costa Silva na entrevista à RTP.

O plano tem uma perspetiva para a “próxima década, vamos ter fundos que vão vir daqui a três, quatro anos e depois sete anos”.

O gestor também defendeu maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Um dos investimentos emblemáticos tem de ser no SNS. Vimos a qualidade das nossas instituições nesta resposta, desde o SNS, DGS, Governo, Parlamento, Presidente. A qualidade das instituições, é a qualidade da resposta. Temos de qualificar mais o SNS, apostar em equipamentos, em recursos humanos, e todo o sistema de ciências de saúde que existe em Portugal: é uma galáxia que existe, que já respondeu em termos de aplicações cientificas e de equipamentos”.

No prazo mais imediato, o plano tem como objetivo “salvar a economia e proteger o emprego, uma intervenção forte do Estado. Esta crise mostrou que o papel do Estado tem que ser mais valorizado, mais Estado na economia, o Estado é o último protetor contra todo o tipo de ameaças, está-se a ver. Aí também há uma discussão e um debate sobre o equilíbrio que tem que existir entre Estado e mercado. Eu sou favorável aos mercados, que têm de funcionar, o papel fundamental nesta recuperação é das empresas, elas criam riqueza”.

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