Vem a questão a propósito deste debate que tem sido tão focado na 4ª revolução industrial, na internet das coisas, nos sensores, na inteligência artificial, na automação e na digitalização de praticamente tudo. A volatilidade da economia global tem gerado desconforto nos decisores corporativos e também nos seus colaboradores, cujas identidades e empregos sentem em perigo e, por consequência, cuja fé nas respetivas instituições virtualmente desapareceu.

Para alguns executivos portugueses, esta era tecnológica está repleta de oportunidades, para outros de receios, mas uma coisa é clara: esta nova normalidade inspirou uma procura mais profunda pela ‘alma’ empresarial e propõe-se estabelecer um novo ideal – o do negócio de sucesso no século XXI.

Um estudo da EY identifica as organizações mais ágeis na respetiva evolução para prosperar neste mercado: têm alcançado maior sucesso, medido através da capacidade de fazer negócios e na capacidade de alcançar os melhores recursos para realizar a sua atividade, e demonstra que não tem sido a tecnologia a força principal desse sucesso.

São as organizações que demonstram e defendem um propósito claro, alinhado com os valores da empresa e dos colaboradores as que com maior consistência alcançam os resultados a que se propõem. São as empresas que defendem algo maior que elas próprias, que transcendem o paradoxo do acionista vs outros stakeholders, eficiência vs clientes, lucros vs Propósito.

Esta abordagem não deveria constituir uma surpresa, pois deriva da capacidade infindável do ser humano de imaginar – a procura por um Propósito atribui significado às nossas vidas, enche-nos de esperança e impulsiona-nos para a frente. Contudo, muitas organizações de sucesso, apesar de compreenderem o significado de ter um Propósito, têm dificuldades em incorporá-lo na respetiva estratégia e em realizar o valor que este pode trazer.

Poderá o próximo capítulo da humanidade ser aquele em que os negócios, de forma coletiva, aproveitam o cada vez mais impressionante poderio tecnológico para criar um mundo equilibrado e sustentável? Ou será que o egocentrismo e “curto-prazismo” irão levar a melhor?