[weglot_switcher]

Políticas de RH e sustentabilidade são essenciais para a auditoria e ROC

Hugo Salgueiro Presidente do Conselho de Administração da DFK Portugal Os desafios que as firmas de auditoria enfrentam, nomeadamente as de pequena e média dimensão, centram-se essencialmente em três vetores essenciais: a) continuar a dar resposta a um nível de qualidade elevado nos trabalhos e no valor acrescentado para os nossos clientes, em contraponto com […]
16 Julho 2023, 16h00

Hugo Salgueiro
Presidente do Conselho de Administração da DFK Portugal
Os desafios que as firmas de auditoria enfrentam, nomeadamente as de pequena e média dimensão, centram-se essencialmente em três vetores essenciais: a) continuar a dar resposta a um nível de qualidade elevado nos trabalhos e no valor acrescentado para os nossos clientes, em contraponto com a diminuição dos honorários que os mesmos estão dispostos a pagar – facto que ganhou particular relevância tendo em conta as contingências económicas e sociais atuais do país; b) o recrutamento e retenção de talento – a adaptação de políticas de RH, de metodologias de trabalho (por exemplo: teletrabalho em auditoria) e a capacidade de tornar a profissão de auditor atrativa para os recém-licenciados; c) a capacidade de investimento em áreas como a sustentabilidade, a transformação digital e ferramentas de compliance robustas – investimentos estes que não se prendem apenas com o facto de nos posicionarmos perante a concorrência mas porque são, atualmente, exigências inequívocas das entidades reguladoras. Os desafios e os aspetos acima referidos não são propriamente metas para o próximo semestre, mas sim drivers essenciais para a sustentabilidade, crescimento e dignificação da profissão. São investimentos que não estão acessíveis a todos, sobretudo se não forem planeados de forma concentrada e solidária, entre os vários players do mercado. Defendo que concentrações empresariais e outras formas de associação entre ROCs e firmas de auditoria, serão um caminho essencial para o cumprimento dos objetivos e desafios que enfrentamos. Na DFK Portugal, temos seguido este caminho desde 2020, tendo culminado com a criação da Associação DFK em Portugal em 2022 que conta atualmente com 4 associados, bem como com a distinção como National Member da DFK Internacional. Além das vantagens imediatas, como a harmonização de políticas e procedimentos entre as várias entidades, a partilha de conhecimento, recursos e ferramentas, temos como principal objetivo para 2023, a concretização de investimentos relevantes no sentido de tornar a DFK Portugal num verdadeiro centro de excelência.

Paulo Paixão
Head of Audit & Assurance
da KPMG Portugal
Temos boas perspetivas de evolução do setor neste último semestre do ano. A auditoria atravessa um período vibrante nomeadamente decorrente da crescente transformação tecnológica das empresas e dos próprios procedimentos de auditoria suportados por tecnologia, bem como da crescente luta por talento. Estas são mudanças muito positivas, que irão intensificar-se nos próximos anos, e que contribuirão para uma ainda maior segurança e fiabilidade do setor, demonstrando a importância da auditoria para o desenvolvimento de uma economia mais aberta, mais digital, mais sustentável e mais transparente.

Haverá também uma aposta e investimento cada vez maior na formação e capacitação dos profissionais do setor. Esta é uma área que na KPMG Portugal acreditamos ser fundamental para a evolução da auditoria, promovendo a atratividade da profissão de auditor. É um tema que importa endereçar junto das instituições de ensino e dos jovens e que é fulcral para a sustentabilidade do setor.

Adicionalmente, entendemos como fundamental a promoção do mercado de capitais e a internacionalização da nossa economia em sectores de elevado valor acrescentado e para tal é fundamental que o mercado perceba e valorize a importância da auditoria na criação das condições de confiança essenciais nomeadamente para a atração de investimento estrangeiro. A KPMG Portugal tudo fará para ser um agente ativo de confiança e promoção do país.

A KPMG está comprometida em contribuir diariamente para a promoção de uma visão de longo prazo para o setor e para a construção da auditoria do futuro: credível, inovadora, tecnológica e cada vez mais eficiente.

José Rebouta
Partner e co-responsável
de Indústria e Serviços
de Auditoria da Mazars
Os desafios para a auditoria na segunda metade do ano estão em linha com aquela que tem sido a evolução no período mais recente. O mundo evoluiu para um mercado global e informado, com consumidores exigentes e sofisticados, colaboradores preparados, centros de competências partilhados, uma nova organização do trabalho, shareholders influentes… tudo isto contribuindo e exigindo uma melhor corporate accountability. O paradigma é ainda influenciado por uma opinião pública atenta e reguladores vigilantes, com adicionais exigências de conteúdo e relevância da informação financeira e não-financeira.

Neste cenário, as empresas surgem como um poderoso motor de criação recorrente de riqueza e mobilização de recursos, sendo decisivo para o ciclo de confiança a manutenção do compromisso de toda a comunidade – empresa e stakeholders. O ROC tem como missão servir o interesse da comunidade, assegurando este ciclo de confiança, através do contínuo fortalecimento da contabilidade e do relato financeiro e auditoria, pela adesão a normas profissionais robustas e de elevada qualidade, impulsionando a convergência internacional das mesmas e manifestando-se em assuntos de interesse público onde os conhecimentos da profissão são relevantes para o desenvolvimento de empresas e economias fortes.

As expetativas em relação às empresas vão para além do desempenho financeiro e o papel dos ROC vai cada vez mais além da transparência financeira. Neste contexto, a missão principal de uma firma como a Mazars nunca foi tão premente, reafirmando o compromisso, como auditores e consultores de referência, de ajudar ao crescimento sustentável e perene dos clientes.

À atividade da auditoria adicionam-se domínios de importância crescente, que incluem o digital e os processos de transformação associados a tecnologias emergentes, exemplo da analítica de informação e dados e da inteligência artificial. Uma dinâmica que exige especialização, sustentada em equipas dedicadas a áreas de intervenção como a digitalização, os criptoativos, a cibersegurança ou a sustentabilidade.

Poder contar com Pessoas e equipas tecnicamente habilitadas e aptidões específicas é, hoje, um fator crucial à gestão, atração e retenção de talento no setor. A aposta no talento é crucial para os desafios da Auditoria. A tendência de eliminação de muito do trabalho de menor valor acrescentado aos processos permitirá atrair gerações que pretendem um work-life balance distinto. É um desafio e uma oportunidade.
O segundo semestre de 2023 continuará a ser de compromisso, investimento e accountability. Um ROC deve estar consciente do seu papel, praticá-lo com orgulho, humildade, competência e dimensão, integridade e consciência. Isto faz-se com empenho pessoal muito forte, no respeito das regras e normativos, no desenvolvimento de indivíduos e de equipas, na necessária adesão a valores e condutas comuns. Integridade, transparência e competência são definições de um bom ROC e uma boa firma de auditoria.

Fátima Geada
Presidente do Instituto Português de Auditoria Interna
A auditoria interna está sujeita a diferentes desafios, dos quais destacamos: o processo de transposição da regulamentação relativa aos três pilares do Environment, Social and Governance ( ESG) para a legislação portuguesa e a sua aplicação no seio das organizações, bem como o calendário instituído para a sua implementação em termos de reporting, constitui um desafio significativo não só para o setor financeiro e segurador, mas também para a empresas cotadas e a breve prazo os restantes setores empresariais.

O calendário previsto para a CSRD Corporate Sustainability Reporting Directive preconiza que as empresas reportem o impacto das suas atividades no ambiente e sociedade e requer a verificação em sede de auditoria da fiabilidade da informação reportada. O objetivo último é ter a Europa como o primeiro continente neutral ambiente até 2050. O CSRD altera a Diretiva de Reporte de informação Não Financeira (NFDR), a Diretiva de Transparência e a Diretiva de Auditoria e deverá estar transposta para os Estados-membros até 6 julho de 2024, sendo o primeiro reporte CSRD efetuado em 2025, sobre o exercício financeiro de 2024, para as empresas já sujeitas à NFRD.

As empresas obrigadas a reporte são as grandes empresas, PME da UE com valores admitidos à negociação (em 2027, sobre exercício financeiro de 2026) e empresas fora da UE com filiais na UE (2029 sobre exercício financeiro de 2028).

O relato de sustentabilidade deve ser integrado no relatório de gestão e ser produzido em formato eletrónico com comunicação de informações, das quais se destacam: a política de sustentabilidade, due diligence da cadeia de valor, conhecimentos , competência dos administradores , volume de negócios, capex e opex e descrição dos principais riscos ESG e qual a forma de resposta a esses riscos, explorando indicadores que relevem o risco não financeiro e adequação do modelo de gestão de risco.

O risco não financeiro é uma área ampla, complexa e holística, onde os riscos ainda não estão devidamente considerados nas organizações, colocando-se a este nível várias questões para reflexão: de que forma os atuais modelos de gestão de risco (ERM- Enterprise Risk Management) estão preparados para dar resposta? Será que neste âmbito a Auditoria Interna poderá providenciar inputs relevantes, dado o seu conhecimento das organizações, bem como no âmbito de novas medidas e opções a adotar como mitigadoras dos riscos?

Porquê este novo desafio para a auditoria interna? A auditoria interna tem uma visão especializada, técnica e holística das organizações, nas suas múltiplas facetas, incluindo as ameaças e oportunidades a que as empresas estão sujeitas, podendo constituir um interessante interveniente e desempenhar um relevante papel, assegurando um papel critico relativo à conformidade e fiabilidade da informação não financeira disponibilizada pelas organizações. A auditoria interna pode vir a ter aqui um papel único potenciado em termos de governação das empresas, com a criação da Comissão Especializada de Sustentabilidade e decorrente das suas características de objetividade, garantia e independência.

A articulação entre auditoria interna, Comissão de Auditoria, Comissão de Sustentabilidade poderá ser uma forma eficaz de trazer para o topo das organizações as preocupações de ESG e colocá-las no âmbito das discussões estratégicas no seio dos Conselhos de Administração.
No decurso do quarto trimestre deste ano iremos ainda depararmo-nos com alterações no âmbito das Normas Profissionais da Profissão de Auditor Interno, as IPPF do IIA ( Institute of Internal Auditors) irão passar a GIAS , com a necessidade de atualização dos conteudos das certificações profissionais.

O reenquadramento das GIAS irá ter em conta as seguintes alterações, cujas propostas estiveram já em consulta pública: nome, estrutura, novas seções em cada standard, propósito para AI, domínios em termos éticos e profissionais, domínios de governo e standards com clarificação de termos na governação de AI, novos requisitos para o QAIP (Quality Assurance Improvement Programme, no que concerne às competências requeridas na equipa de revisão e uma atenção especial ao sector público, com um processo rigoroso e um foco acrescido nos respetivos stackeholders. No que concerne ao glossário surgirão também novos termos e clarificação de outros, como condição, risco inerente, residual, tolerância.

Naturalmente, a estes desafios de carácter da envolvente regulatória, acrescem os que assumem cada vez maior relevância, em termos de monitorização e que decorrem do acompanhamento dos respetivos riscos: de cibersegurança, de “data privacy”, a necessidade do auditor robustecer as suas competências mais focadas na utilização de tecnologias de data analytics, um acréscimo significativo e cada vez mais complexo de “Regulatory and Compliance”, o que obriga a um esforço adicional de acompanhamento de toda a dinâmica regulatória por parte do auditor.

O auditor deverá ter cada vez mais um alinhamento estratégico colaborativo, de consultor e de “advisory” das organizações, mantendo sempre o pilar da função – “a independência”.

O IPAI- IIA Portugal, convicto dos desafios que são colocados à profissão, vai realizar nos dias 12 e 13 de outubro a sua conferência anual, com relevantes contributos de oradores nacionais e internacionais, onde temas como o ESG, as GIAS e outros temas serão abordados e discutidos, tendo também como intervenientes os reguladores e administradores de diferentes organizações e empresas. Deste modo, o IPAI – IIA Portugal, procura contribuir para a sensibilização e alinhamento dos auditores, através de uma jornada profícua de troca de experiências, entre auditores dos diferentes setores de atividade, mas também proporcionando um contributo efetivo para demonstrar a relevância da profissão junto das administrações, salientando-se no dia 13 de outubro o Fórum de Administradores, a conferência terminará com a intervenção do representante do Tribunal de Contas.

Paulo André
Partner da Baker Tilly
Primeiro, os desafios no processo de recrutamento: modelo de trabalho à distância/físico/hibrido; falta de interesse pela área de auditoria (elevada carga de trabalho / elevado nível de exigência); maior procura de profissionais para áreas financeiras não auditoria com salários mais apelativos; pessoas com competências em áreas mais tecnológicas sendo esta uma exigência cada vez maior numa área de auditoria. Depois, a retenção de talento: equilíbrio de vida pessoal vs trabalho; team building; poucos candidatos para muito procura (mercado muito concorrencial); pacotes salariais atrativos.

Segue-se a implementação de planos de formação em matérias tradicionais, mas também em data analitics, business intelligence, bem como consolidação da Implementação do ISQM, integração de experts em áreas tecnológicas nas equipas de auditoria e consolidação de um departamento específico para auditoria e ‘compliance’.

Entre os principais desafios da atividade está atividade mais exigente e com mais risco: maior risco associado a períodos de crise económica. Pode causar imparidade de ativos e pôr em causa a continuidade das operações. Segundo, ganhar dimensão / concentração no mercado é crítica e capacidade de refletir os esforços adicionais que as auditorias envolvem, no preço dos serviços.

Além disso, a retenção de talento, porque mais do que reter pessoas é reconverter as mentalidades e melhorar as formas de trabalhar (incrementando a comunicação com o cliente). Formação em Tecnologias da Informação e em análise de dados (saber interpretar os dados contabilísticos, financeiros e operacionais). Mais: aumento substancial de leque de responsabilidades atribuídos aos auditores, gestão das oportunidades e transformação num mercado cada vez mais dinâmico, acompanhamento de alterações ao nível de legislação, concorrer com operadores de mercado de reduzida dimensão e estrutura em preço e captar jovens interessados em investir na sua carreira em auditoria.
Realço ainda o trabalho com clientes que não estão fisicamente presentes nos seus escritórios. O teletrabalho fez com que as equipas de auditoria se começassem a adaptar a novas formas de auditar clientes, sem estar fisicamente presentes. Uso de ferramentas digitais, com reuniões virtuais e partilha de documentos de forma virtual – efetuar visitas virtuais aos clientes, com reuniões, trabalhos de walk-through a processos e procedimentos virtuais, visitas a instalações fabris virtuais, contagens físicas virtuais (usando ferramentas digitais – Teams, filmagens, telemóveis, etc.).

Estamos otimistas, porque fazemos parte duma rede internacional que nos permite chegar a grandes grupos internacionais que exigem auditores também internacionais, temos uma equipa dinâmica exigente e sempre com vontade de crescer, temos as ferramentas adequadas e reconhecidas no mercado e seguimos uma metodologia internacional de trabalho, estamos na lista dos top mundial auditoria no Top 10 de auditores o que nos permite ter diversas oportunidades de apresentar os nossos serviços e de apresenta propostas que deem respostas às necessidades dos nossos clientes.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.