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Políticos, ex-governantes, escritores e humoristas unem-se para pedir fim da prisão preventiva de Rui Pinto

Rui Pinto aguarda julgamento em prisão preventiva, estando acusado de 68 crimes de acesso indevido, por 14 crimes de violação de correspondência, por seis crimes de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
5 Março 2020, 11h50

Um grupo de personalidades reconhecidas a nível nacional pela sociedade civil portuguesa uniu-se na subscrição de um abaixo-assinado pelo fim da prisão preventiva de Rui Pinto, o português que se encontra detido preventivamente à espera de julgamento por 90 crimes na sequência do “Football Leaks”.De políticos e antigos governantes, a músicos, escritores, jornalistas, médicos e humoristas, encontram-se personalidades de todo o espetro político.

O abaixo-assinado enviado à redação do Jornal Económico pela antiga eurodeputada do PS Ana Gomes, esta quinta-feira, 5 de março, conta com nomes como os dos escritores Afonso Reis Cabral e José Eduardo Agualusa, da coordenadora do BE, Catarina Martins, do fundador e primeiro secretário-geral do BE, Francisco Louçã, dos jornalistas Pippo Russo, Bárbara Reis e Vicente Jorge Silva, ou do opinion maker Miguel Sousa Tavares estão entre os subscritores.

Os antigos governantes João Cravinho (antigo ministro da Indústria e Tecnologia e pai do atual ministro da Defesa João Gomes Cravinho), Vera Jardim (antigo ministro  da Justiça) e Miguel Poiares Maduro (antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional) também aparecem entre os subscritores.

Os nomes dos humoristas Luís Franco-Bastos, Salvador Martinha e Diogo Batáguas, bem como os músicos Miguel Guedes e Plutónio também surgem na lista.

“A aplicação da prisão preventiva – com períodos de isolamento absoluto – a um cidadão português, quatro anos depois da alegada prática de um crime de extorsão na forma tentada, é inédita em Portugal e não pode deixar de ser vista como uma punição antecipada de Rui Pinto enquanto aguarda julgamento”, lê-se no documento do abaixo-assinado.

Os subscritores manifestam-se contra a prisão preventiva de Rui Pinto e salientam que o português está “na origem de revelações de inequívoco interesse público que deram origem a investigações jornalísticas conduzidas por consórcios internacionais, como o Football Leaks e o Luanda Leaks”. Por isso, “as autoridades portuguesas, tal como já o fizeram as autoridades de outros países”,  deveriam reconhecer “a importância da informação por si trazida a público e procurem a colaboração de Rui Pinto”.

“A prisão de Rui Pinto é tanto mais chocante porquanto contrasta com a liberdade e impunidade de quem pratica crimes com a gravidade dos denunciados pelo mesmo”, lê-se no abaixo-assinado.

Rui Pinto está preso desde março de 2019, tendo revelado recentemente que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.

Aos 30 anos, Rui Pinto vai ser julgado por 68 crimes de acesso indevido, por 14 crimes de violação de correspondência, por seis crimes de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, este último um crime pelo qual o advogado Aníbal Pinto também foi pronunciado.

Em setembro de 2019, o Ministério Público (MP) tinha acusado o ‘hacker’ de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Plataforma Score e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.

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