1. Os políticos pensam que nos convencem, mas não convencem! Isto vem a propósito do mais recente debate para as Europeias realizado na SIC. Estiveram lá os de sempre e quem falou mais alto foi a verdadeira geringonça, ou seja, os partidos do sistema e os patrões das televisões. Não se viu um Paulo Sande, um Rui Tavares, um Ricardo Arroja ou mesmo um Paulo Morais.

Quem lá esteve foi o situacionismo. Rangel falou, falou e acabou na Roménia. Nuno Melo fez a defesa do costume, Marisa atraiu os espetadores mas já foi candidata à Presidência da República e, logo, está tudo dito e Marinho e Pinto fala e todos esperam que que se autocrucifique.

Ora, quem esteve na SIC pensou que nos tinha convencido, mas não convenceu. Claro que para eles também não interessa se o eleitor se interessa ou não, até porque com os eventuais 70% de abstenção não deixam de ser eleitos e é isso que conta no Parlamento Europeu. Limitam-se a chegar junto dos colegas do PPE e do PS europeu e dizer-lhes que este é um país que nem sequer tem extrema-direita porque somos todos “bons rapazes” e fizemos umas eleições e fomos votados. É isso que realmente lhes interessa, mesmo que o sistema já não tenha soluções.

E depois comparamo-nos aos nossos vizinhos espanhóis e só apresentamos vantagens. Antes de mais o termo geringonça só se aplica por cá pois é impossível em Espanha. E isto porque geringonça não é atribuir ministérios, mas “transacionar” cooperação parlamentar e o PM António Costa sabe bem o que isso custa. Os espanhóis não vão na ‘cantiga’: quem é minoritário quer estar no poder. E a mais recente definição do espetro político espanhol nem sequer foi dada pelos votos, porque a esquerda e a direita empatam em número de votos.

Foi o Método de Hondt que determinou o número de deputados e atribuiu mais lugares a um lado do que a outro. Indiscutivelmente, o PP sai destroçado pelos escândalos de corrupção, o que é muito bom. Esperemos que a tendência pegue em Portugal. Realce ainda para as vitórias locais de independentistas e nacionalistas.

Um último aparte. As sondagens são interessantes mas têm dois problemas. Podem ser manipuladas para levar a mais ou menos votação em determinado grupo; e a resposta pode não corresponder à ‘cruz’ que se coloca no boletim de voto. O último sufrágio em Espanha mostrou que o eleitor reage a inputs que podem não ter nada a ver com estratégia política, mas apenas com emoções.

2. A Venezuela é um barril de pólvora e todos esperam que não acabe num banho de sangue. Infelizmente para os venezuelanos, a geoestratégia de conflito permanente entre superpotências bateu-lhes à porta e eles são os peões. A solução mais ou menos pacífica está, claramente, nas mãos dos militares. Estes determinam o sucesso ou insucesso das mudanças políticas, sendo que têm interesses particulares que nem sempre coincidem com os interesses do país. As perseguições políticas que se vão seguir poderão acabar no derramamento de sangue. É tempo da ONU e de Guterres puxarem dos galões.