Quem infringe a lei deve ser responsabilizado, mais ainda quando atenta contra a vida de alguém, e isto é válido para todos os cidadãos, incluindo as autoridades, que têm obrigações reforçadas. Não nos podemos esquecer de que o Estado detém o monopólio da força, o que coloca os seus agentes numa posição ímpar na sociedade.

Agora, não podemos relativizar o estado de direito como o temos feito. Basta olhar para o que vamos considerando normal na violência nos eventos desportivos, com claques enquadradas pela polícia de choque, para percebermos que o espaço público tem sido tomado de assalto, paulatinamente.

O vandalismo não é uma forma de expressão, é crime.

Não podemos, também, consentir na existência de espaços fechados, sem lei ou ordem, em que as forças policiais não atuam, por omissão ou impossibilidade; onde os serviços, como os transportes, tendo escolha não chegam lá; onde o abuso é normalizado. Acantonados nas margens da comunidade, os cidadãos destes bairros são também reféns de quem não cumpre regras, por demissão de todo o sistema, o mesmo que queremos que agora funcione no apuramento de responsabilidades.

Fingir que estes bairros inexistem não faz com que desapareçam.

Numa altura em que os populismos se mostram exuberantes, em que a sociedade se mostra polarizada em muitos temas, é necessário que os agentes políticos e sociais tenham especial atenção. O que tem acontecido nos últimos dias na região de Lisboa é uma demonstração do falhanço de todos, especialmente de quem tem poder de decisão, que não esteve à altura da necessidade do serviço público.