Quando estiver a ler este texto já estará mais preocupado em guardar a roupa usada na festa do Halloween ou em fazer contas para os presentes de Natal. Afinal, prioridades são prioridades.

Para trás ficaram todos os discursos quer da ONU, das autarquias, do discurso à Nação e estamos prontos para os discursos dos Nobel! Enfim… todos falam, e percebemos que é muita politiquice nas guerras, nos dinheiros, uma geopolítica e geoeconomia de cumplicidades de interesses e mortes. E nesse fala, fala, como bem disse Lula da Silva, estão “sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente”.

As suas palavras ressoam não apenas como crítica, mas como um diagnóstico lúcido de uma ordem global esgotada pela hipocrisia. O modelo de fazer política e negócios, travestido de moralidade e boas intenções, atingiu o seu clímax num teatro de princípios onde a ética é mero adereço retórico.

Estarão, uma parte dos humanos, perplexos a questionarem-se por onde andará a ética? Silêncio… que pergunta disparatada. Continuam a desfilar apoios à guerra nas televisões em alta definição e dos conflitos nas Áfricas esses… nem são dignos de tal.

Perante a pergunta disparatada sobre a tal de ética, lentamente se está a perceber que o mito da superioridade ética do Ocidente, na sua retórica “humanitária” que serve a narrativa como verniz civilizatório, é apenas discurso. Na prática o que conta é o dinheiro e o dinheiro emprestado às guerras e às Africas, onde para estas o “concessionário” tem juros duas a três vezes mais altos que as tais economias ricas. Nas notícias, o que sai é apenas sobre matérias-primas africanas que enchem auditórios e programas de televisão. O resto é o resto!

As Áfricas precisam de correr em busca de soluções, porque a pobreza não é artificial e a desigualdade não se resolve com algoritmos. As narrativas artificiais apoiadas numa nova elite digital não quer ameaças ao lucro. Terminadas as falas, desligadas as câmaras, restam às Áfricas soluções endógenas, porque ficou claro que quando os discursos das Áfricas começam, os microfones desligam-se e os intérpretes descansam porque os países poderosos falam entre si e aplaudem as próprias soluções. Áfricas, inspirem-se nas chitas[1], corram, resolvam e não fiquem à espera da resposta, pois não sabemos por onde anda a ética!

[1] As chitas são felinos carnívoros, conhecidos por serem os animais terrestres mais rápidos do mundo