1. O tema da habitação, da compra de casa e das rendas continua na ordem do dia. Recorrentemente, surgem notícias com os preços das casas e das rendas a descer ligeiramente em termos de média, mas quando se pergunta a um cidadão que procura casa para comprar ou arrendar, a resposta é a mesma: os preços continuam a subir e não se encontra nada de jeito.

Ora, aqui é que está o busílis. Primeiro, a lei da oferta e da procura para os espaços dos centros das cidades continua a dizer-nos que há mais procura do que oferta, e as promessas públicas de habitações com rendas acessíveis continua a ser uma operação de marketing, pois as reabilitações levam tempo e a construção ainda mais.

Claro que será sempre possível manipular a informação e os dados, se formos buscar rendas e casas em cidades ou zonas onde não há trabalho, nem expectativas de vida melhorada, melhoramos a oferta. Se nos centrarmos em Lisboa, Porto e Faro rapidamente concluímos que é difícil obter o que se quer por um preço razoável.

Primeiro, porque os vencimentos de quem procura casa não permitem grandes “voos” e depois porque há alguns fatores que, objetivamente, impedem que os andares para habitação possam baixar. Desde logo quem constrói ou quem compra fá-lo com crédito bancário, o que significa que tem uma dívida e precisa de vender para liquidar essa mesma dívida que não é elástica.

Depois, porque impostos e taxas numa construção nova significa quase metade do valor da habitação; depois porque a entrega do negócio a mediadores impede, pela ordem das coisas, que o preço baixe, pois estes vivem de comissões sobre aquilo que vendem e se for uma renda o valor em dinheiro é pouco para o trabalho que foi feito.

E, por último, para quem aspirar por um local melhor, tem a concorrência de estrangeiros com rendimentos muito superiores.

Todos estes fatores são impeditivos para quem quer estar melhor localizado com um imóvel com um mínimo de condições para viver. É uma equação difícil de inverter e, depois, com a retoma económica dificilmente os preços baixarão.

2. Ainda sobre rendas, as associações dos proprietários têm alertado para o facto de se manter o elevado nível de incumprimento do pagamento de rendas habitacionais e com tudo suspenso até 30 de junho, não há soluções. O descalabro virá a seguir com processos de litigância e muitas famílias desalojadas.

Ao tema das rendas acresce o fim das moratórias de crédito em setembro e teremos a “tempestade social perfeita”. Fica o aviso para o Governo a fim de tomar iniciativas antes que os sinistros batam à portas de muitas famílias carenciadas e numerosas.

3. Ainda o tema do Zmar e da ocupação do espaço que, afinal, ficou confinado às habitações da infraestrutura hoteleira, não havendo ocupação das habitações particulares.

O diferendo sempre esteve na portaria que permitiu a requisição civil e que falava da totalidade do empreendimento. Terá sido uma argolada do MAI ou algo propositado? Para o público, o que saiu daqui foi uma opção política com o objetivo de achincalhar quem é proprietário.