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Portos do Continente agravam queda de mercadorias movimentadas para 4,2% até ao final de fevereiro

Segundo os dados recolhidos pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o porto de Sines reforçou a sua quota nos primeiros dois meses deste ano, para 57,3%.
29 Abril 2021, 23h05

Os portos do Continente movimentaram 13,65 milhões de toneladas de carga até ao final de fevereiro de 2021, o que representou uma quebra de 8,6% neste segundo mês do ano face ao período homólogo de 2020 e agravou o ligeiro recuo de 0,2% que se havia verificado no primeiro mês deste ano.

De acordo com os dados disponibilizados pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o período de janeiro e fevereiro de 2021 registou uma diminuição de 592,6 mil toneladas comparativamente ao seu homólogo de 2020, para um movimento total de 13,65 milhões de toneladas, o que representou uma queda acumulada de 4,2%.

Um dos principais responsáveis por este comportamento negativo foi o petróleo bruto, que registou uma quebra homóloga de 682 mil toneladas, correspondente a um recuo 27,8% em comparação com idêntico período do ano passado.

“Este desempenho negativo deve-se essencialmente ao mercado do petróleo bruto, que registou uma quebra homóloga de 682 mil toneladas (mt), correspondente a menos 27,8%, maioritariamente originada no porto de Leixões onde se observa uma variação de menos 649,4 mt (-88,9%). Por sua vez, Sines registou uma variação também negativa, mas de apenas menos 32,6 mt (-1,9%). Esta dualidade de comportamentos resulta da cessação da atividade da refinaria de Matosinhos que, aparentemente, não foi compensada por um acréscimo de atividade na refinaria de Sines”, justifica um comunicado da AMT.

De acordo com este documento, “dos outros mercados com variações negativas no período janeiro-fevereiro de 2021, assinalam-se os que refletem variações mais expressivas, encabeçados pelo dos outros granéis sólidos, que ‘perde’ 194,4 mt (-16,5%), seguido dos produtos petrolíferos, com menos 92,9 mt (-3%), e da carga fracionada, com menos 86 mt (-9,4%)”.

Os responsáveis da AMT acrescentam que a carga contentorizada, os outros granéis líquidos e os produtos agrícolas, registaram comportamentos positivos de mais 525,4 mt (+10,8%), de mais 39 mt (+8,9%) e de mais 3,5 mt (+0,5%), respetivamente.

“Na perspetiva dos mercados definidos pelo binómio porto-carga, importa realçar que os principais protagonistas do desempenho global são os mercados da carga contentorizada de Sines e do petróleo bruto de Leixões, com impactos respetivos de mais 626,8 mt (+21,4%) e de, como já referido, menos 649,4 mt (-88,9%), que representam, respetivamente, 58,8% do volume total das variações positivas e 39,1% do volume total das variações negativas (que apresentam um grau de dispersão significativamente mais elevado). É de salientar que na posição seguinte, quer em termos de impacto positivo, quer em termos de impacto negativo, surge o mercado dos produtos petrolíferos, que apresenta em Sines uma variação de mais 137,4 mt (+6,1%) e em Leixões de menos 151 mt (-28,4%)”, adianta o referido comunicado.

A entidade supervisora do sector dos transportes assinala ainda que, “num cenário genericamente negativo, surge ainda espaço para destacar o registo da marca mais elevada de sempre nos períodos homólogos observada em Aveiro, atingindo globalmente um total de 921,13 mt, +9,8% do que no período homólogo de 2020, contribuindo para o desempenho positivo do mercado dos outros granéis líquidos ao nível do Ecossistema Portuário do Continente, onde foi observado um volume de 479,75 mt (+8,9%), o mais elevado de sempre”.

“Para além de Aveiro, também em Sines se observa uma variação homóloga positiva, de mais 10,7%, determinada pelo comportamento dos mercados de carga contentorizada e de produtos petrolíferos. O movimento de carga processado nos restantes portos não atinge o volume realizado no período janeiro-fevereiro de 2020, sendo a variação negativa mais expressiva a de Leixões, com uma quebra de 910,7 mt (-27,6%), seguido de Lisboa e de Setúbal, com diminuições de 235,3 mt (-14,1%) e de 206,7 mt (-21,2%), e Figueira da Foz, com menos 67,5 mt (-21%)”, revela a AMT.

A instituição liderada por João Carvalho realça também que “a movimentação de carga efetuada no Ecossistema Portuário do Continente neste período permite a Sines reforçar a liderança do mercado em termos de tonelagem, atingindo uma quota maioritária absoluta de 57,3%, a mais elevada de sempre nos períodos homólogos, superior em mais 7,7 pontos percentuais (pp) à que detinha em 2020”.

“O porto de Leixões surge na segunda posição com uma quota de 17,5%, inferior em -5,7 pp à do período homólogo de 2020, sendo seguido por Lisboa, que recua 1,2 pp para 10,5%, por Aveiro, que aumenta 0,9 pp para 6,7% e atinge a sua quota mais elevada de sempre, mantendo-se, pela primeira vez num período de dois meses sucessivos, à frente de Setúbal que reduz 1,2 pp para 5,6%, e pela Figueira da Foz, que perde 0,4 pp, para 1,9%. Viana do Castelo e Faro representam respetivamente 0,4% e 0,1% do total, enquanto Portimão não registou qualquer movimento de carga”, esclarece a AMT.

Quanto ao movimento de contentores efetuado no período em análise, “foi registado um acréscimo homólogo de 31,38 mil TEU [mdedida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento], correspondente a mais 7,2%, por decisiva influência do porto de Sines, cujo movimento aumentou 41,36 mil TEU (+17%), para um volume que representa 60,9% do total”.

“Para além de Sines, apenas Setúbal registou uma variação positiva no volume de TEU movimentado, observando um acréscimo de 1,7 mil TEU (+8,6%). Das variações negativas assinaladas nos restantes portos, a mais expressiva regista-se em Lisboa, com menos 6,5 mil TEU (-11,1%), seguida por Leixões, com menos 4,7 mil TEU (-4,2%), e Figueira da Foz, com menos 442 TEU (-15,6%)”, assinala a AMT.

Para a entidade supervisora do sector dos transportes, “o movimento de navios observado nos portos comerciais que integram o Ecossistema Portuário do Continente, nas várias tipologias e independentemente da natureza das operações efetuadas aquando da sua estadia em porto, traduz-se na realização de um total de 1.472 escalas, refletindo uma diminuição de 191 escalas (-11,5%) face ao mesmo período de 2020, correspondendo-lhes um volume de arqueação bruta de 25 milhões, a que corresponde um recuo de 5,82 milhões (-18,9%)”.

“A redução mais acentuada do número de escalas foi registada no porto de Lisboa, com menos 122 (-33,2%) do que no período homólogo de 2020, seguindo-se os portos de Douro e Leixões com menos 31 (-7,3%) e Sines, Setúbal e Figueira da Foz, com menos 18 (-5,4%), menos 16 (-6,2%) e menos 14 (-18,2%), respetivamente”, refere a AMT, acrescentando que “com variação positiva no número de escalas surgem apenas os portos de Aveiro e de Viana do Castelo, com acréscimos respetivos de 13 (+8,1%) e 2 (+6,7%)”.

O regulador dos transportes sublinha ainda que, “não obstante o volume de carga desembarcada ser superior ao da carga embarcada em 29,1%, existem portos onde se verifica uma situação inversa, conferindo-lhes a associação ao perfil de porto exportador”, relatando que “no período janeiro-fevereiro de 2021 encontram-se nesta situação os habituais portos de Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro, cujos rácios calculados entre o volume de carga embarcada e o volume total de carga movimentada, assumem, respetivamente, os valores percentuais de 74%, 72,5%, 58,8% e 100%”.

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