As assimetrias regionais e a desigualdade de oportunidades não são um problema novo, mas têm vindo a crescer de uma forma galopante, impedindo o desenvolvimento económico e social do nosso país e agravando o fosso entre regiões. Nas últimas décadas, aumentou de forma significativa a concentração de serviços e pessoas na faixa do litoral e, em particular, na grande metrópole de Lisboa. Atualmente, cerca de metade dos portugueses residem nas duas maiores áreas metropolitanas (Lisboa e Porto) e mais de dois terços da população na faixa costeira do litoral.
Paralelamente, a par de um contexto de despovoamento do território e do envelhecimento da população, o nível de desemprego cresce, colocando os municípios, sobretudo dos distritos do interior, num cenário aflitivo, com vários indicadores económico-financeiros a corroborar esta situação e a dar conta do drama real que o país vive atualmente e que a pandemia ainda veio agravar mais.
O que precisamos para combater esta realidade não é de um pacote de medidas avulso, mas sim de um sério e verdadeiro plano de ação, concertado, com visão estratégica, mobilizador e catalisador da esperança.
Já conhecemos os problemas, estão devidamente identificados e estudados, mas ainda não vimos vontade política, nos últimos anos, para a promoção de medidas profundas e radicais que consigam mudar de forma estrutural este cenário. O tempo é de avançar para verdadeiras mudanças, de carácter duradouro, que permitam a coesão territorial, a redução de assimetrias regionais ao nível do PIB per capita e um acesso mais justo a oportunidades de trabalho, salário, habitação, infraestruturas e serviços públicos.
O contexto em que vivemos, altamente desafiador e nunca antes vivido, pelo menos nas nossas gerações, exige ação e empenho. Não é altura para virar as costas aos problemas, colocar a cabeça na areia como a avestruz ou desistir da economia e das nossas empresas – porquê o fim do regime do lay-off simplificado? Porque tardam e são tão reduzidas as soluções postas à disposição das empresas e cidadãos? E porquê o anúncio de um qualquer novo RSI talvez para o início do próximo ano e o anúncio de um aumento do salário mínimo sem conhecer os seus contornos e objetivos?
O país precisa de uma alternativa forte e inspiradora para os cidadãos, as populações querem voltar a acreditar e a sonhar. Temos de juntar esforços e desmontar as ilusões deste Governo. Temos de avançar para apresentar as nossas ideias e solucionar os problemas das pessoas, resgatar a economia nacional.
A profundidade e a amplitude desta crise exigem uma resposta sem precedentes em termos de robustez, prontidão e solidariedade, para a construção de um país mais seguro, competitivo e resiliente. Por muitos estudos e planos estratégicos que se façam, e que expõem a triste realidade deste país assimétrico, na verdade o pensamento dominante continua a desconsiderar e a desfavorecer o interior, sem apostar numa política pública corretiva e com enfoque no combate às assimetrias, com fundos estruturais públicos e de investimento. Até quando?