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Portugal atinge um máximo histórico com 41.359 exportadoras

Em 2023, as exportações corresponderam a cerca de metade do PIB nacional, quase o dobro do registo de há 20 anos. No mesmo ano registou-se, no entanto, uma travagem no negócio das exportadoras, devida ao recuo nas exportações de bens, já que os serviços registaram crescimento em 2023.
5 Junho 2025, 00h11

Portugal tem 41.359 empresas exportadoras, um número que representa um novo máximo histórico. A conclusão é da 8ª edição do estudo ‘As Empresas Exportadoras em Portugal’ da Informa D&B, que analisa os dados das últimas contas publicadas (2023), considerando como exportadoras as empresas cujas vendas de bens e serviços no mercado externo representam pelo menos 5% do seu volume de negócios ou mais de um milhão de euros no ano.

A exportações já correspondem a 48% do PIB, quase o dobro de há 20 anos, segundo a Informa D&B. O volume de negócios das exportadoras cresce mais do que nas outras empresas; o crescimento das exportações é maior nos mercados extracomunitários; as indústrias dominam em número de exportadoras e valor, mas as Tecnologias da informação e comunicação (TIC) voltam a ser o setor que mais cresce em número de exportadoras; e o norte mantém-se como a maior região exportadora, são alguma das conclusões do estudo.

O número de exportadoras está a crescer há mais de uma década, tendo acelerado nos últimos anos, com mais de 5 mil novas exportadoras a surgir entre 2020 e 2023, segundo o estudo. Esta evolução, e apesar da sua queda no período da pandemia, trouxe às exportações um peso cada vez maior na produção de riqueza.

Em 2023, as exportações corresponderam a cerca de metade do PIB nacional, quase o dobro do registo de há 20 anos. No mesmo ano registou-se, no entanto, uma travagem no negócio das exportadoras, devida ao recuo nas exportações de bens, já que os serviços registaram crescimento em 2023.

Quase três quartos das exportações são de bens (72%), embora a maioria das empresas exportadoras (56%) assente o seu negócio na venda de serviços.

Os vários indicadores mostram o peso das exportadoras na economia nacional. Estas empresas, que representam 11% do tecido empresarial, geram 94 mil milhões de euros em exportações.

A sua faturação total atinge os 220 mil milhões de euros, quase metade de todo o tecido empresarial. Empregam quase um milhão de pessoas, quase um terço de todas as empresas, e são responsáveis por 13 mil milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto, também um terço de todo o tecido empresarial.

Segundo Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, “as exportadoras têm um peso enorme no crescimento da economia nacional, mas enfrentam também grandes desafios, seja a necessidade de investimento em conhecimento, produção e logística, sejam situações conjunturais, como o abrandamento de economias importantes como a alemã, ou as novas tarifas anunciadas pela administração norte americana; por todas essas razões, é essencial sabermos quem são estas empresas, o seu perfil, como estão a desempenhar – e é isso que procuramos nesta 8ª edição do estudo da Informa D&B sobre as exportadoras portuguesas”.

Volume de negócios das exportadoras cresce mais do que nas outras empresas

Em geral, as exportadoras registam crescimentos no volume de negócios que são superiores ao das empresas que não exportam. Face a 2019, o volume de negócios total das exportadoras cresceu 33%, uma subida que foi de 38% se considerarmos apenas os negócios com o exterior (sem contar com a sua faturação no mercado interno). Entre as empresas que vendem exclusivamente para o mercado interno, o crescimento foi de 29%.

Outra conclusão é que os serviços e mercados extracomunitários registam maior crescimento nas exportações.

A maioria das exportações de todos os setores têm como destino o mercado comunitário. No entanto, 32% do seu valor total corresponde aos mercados extracomunitários. São estes mercados e a venda de serviços que estão a ter um impacto mais robusto no negócio das exportadoras.

Ainda com referência a 2019, as exportações para os mercados comunitários cresceram 32%, ao passo que para os mercados extracomunitários esse crescimento foi de 55%.

Em 2023, a estagnação das exportações em valor teve como causa o recuo nas exportações de bens, com uma queda de 5% face ao ano anterior. Pelo contrário, os serviços registaram uma subida de 14%.

Entre as subidas destacam-se os setores das Tecnologias da informação e comunicação e os Transportes, respetivamente com crescimentos de 14% e 11% face a 2022. Pelo contrário, as exportações do setor dos Grossistas recuaram 12% e a das Indústrias 1%.

A Informa D&B diz que apesar de haver exportadoras em todos os setores, elas estão especialmente concentradas nas Indústrias, Serviços empresariais e Grossistas, que em conjunto reúnem 56% das exportadoras.

À semelhança do que aconteceu no ano anterior, o setor das Tecnologias de informação e comunicação volta a registar a maior subida em número de exportadoras, representando agora 12% do total.

Por sua vez, nas Indústrias, o principal setor exportador, os subsetores com mais empresas exportadoras são o Têxtil e Moda, a Metalurgia e os Materiais. Em valor, a preponderância das Indústrias é ainda maior, com 52% do total, com destaque para os subsetores dos Materiais (22%), Automóvel (18%) e Têxtil e moda (14%).

Uma grande concentração de indústrias a norte faz com que esta região continue a ser a que tem mais empresas exportadoras (42%), bem como aquela a que corresponde o maior valor de exportações (35%), segundo o estudo.

A Grande Lisboa cresceu 1,8 pontos percentuais desde 2019 em número de exportadoras, que em 2023 representaram 32% do valor total.

A Informa D&B diz ainda que a dimensão das empresas está relacionada de muito de perto com a sua capacidade exportadora. Entre as microempresas, que constituem 94% do tecido empresarial, apenas 9% são exportadoras. No lado oposto, e embora representando apenas 0,3% do tecido empresarial, mais de metade (56%) das grandes empresas são exportadoras, assegurando também mais de metade (58%) do valor total das exportações.

Entre as pequenas e as médias empresas, a taxa de exportadoras desceu ligeiramente desde 20’19, sendo em 2023 de 30% e 43%, respetivamente.

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