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Portugal deve olhar para novos mercados na hora de comprar empresas

Os oradores do 30ª congresso internacional da M&A Worldwide traçaram as tendências das Fusões e Aquisições a nível mundial e aconselharam os investidores: há que preparar a empresa antes do negócio e fazer acordos com outros países.
  • Tatiana Belmar
4 Abril 2019, 11h22

Metade das operações de M&A (Mergers & Acquisitions) a nível global falham porque acabam por não gerar valor para os acionistas. Contudo, o mercado transacional está a mudar e a procurar utilizar métodos e tecnologias que possam alterar estas estatísticas. “Muitas empresas grandes começaram a comprar não para o crescimento mas pelo conhecimento, para ter alguém sala que saiba fazer as coisas. Estamos a falar de mais de 100 mil transações no mundo e 7% dos deals mundiais estão centrados em cinco setores”, explicou Pedro Bobião, da Moody’s Analytics.

Uma das principais tendências no M&A é as organizações que pretendem comprar empresas noutros países estão a exigir análises de risco cada vez mais complexas a essa geografia e a a investir mais em intelligence, segundo os oradores do 30ª congresso internacional da M&A Worldwide, que decorre esta quinta-feira em Lisboa. Os gestores e empresários acreditam que o mercado está a crescer, mas sabem que para “ganhar tração antes ganhava” é necessário conhecer melhor o negócio, o vendedor e fazer benchmarking.

No início do ano passado, a britânica Savills completou a aquisição de 100% da Aguirre Newman, 67 milhões de euros, entrando, assim, em Portugal. “Foi uma grande mudança e fez-nos melhorar significativamente. Há que preparar a empresa para este processo. A cultura muda (…). O valor gerado para nós foi colocar-nos em contacto com o mercado global”, explicou Paulo Silva, country head da Savills, na sua intervenção deste encontro, organizado pela Fingeste e do qual o Jornal Económico é media partner.

Na sua opinião, a elevada quantidade de negócios familiares em Portugal pode constituir um obstáculo às fusões e aquisições. “Fazer dinheiro. É sempre o principal motivo para fazer uma aquisição”, acrescentou, exemplificando ainda big deals dos últimos anos no país, como o caso Fosun-Fidelidade e Lone Star-Novo Banco.

“Temos de chamar novamente o Fernão de Magalhães e o Vasco da Gama”

Para Pedro Bobião, um dos pontos mais interessantes em Portugal é existirem muitas empresas com potencial. “Quando as estrangeiras souberem disso vão querer ficar com elas. Mas também precisamos de saber o que está lá fora. Acho que temos de chamar novamente o Fernão de Magalhães e o Vasco da Gama, para nos ajudar a olhar para novos países, porque vai ser muito mais interessante. Estamos sempre a falar com os mesmos, Angola, Brasil, não basta”, argumentou. O porta-voz da Moody’s Analytics sublinhou também o peso do investimento cross-border e defendeu que a China se tornou um player no M&A. Entre os exemplos de fusões e aquisições por si apresentadas esteve a Altice e o Hospital Nossa Senhora da Arrábida.

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