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Portugal é o país da União Europeia com menos startups fundadas por mulheres 

Só 5% das startups nacionais foram fundadas por empreendedoras, de acordo um estudo da Comissão Europeia. Segundo a análise da Innoenergy, há poucas diferenças entre líderes. Sara Gonçalves é CEO e só sente diferenças de tratamento do outro lado do Atlântico.
10 Outubro 2019, 07h35

O empreendedorismo tem género? O que impede as mulheres de fundarem uma startup? As duas questões, colocadas pelo Instituto Europeu da Inovação e da Tecnologia (EIT), fazem cada vez mais sentido em Portugal, onde só 5,1% das startups foram fundadas por empreendedoras. A percentagem faz do país o Estado-membro com a maior discrepância, contrastando com a Polónia (23,9%), Hungria (23,7%) e Eslováquia (23,5%), segundo os dados da Comissão Europeia.

Os números não são animadores para Portugal, mas há boas notícias no que diz respeito às startups da energia: há poucas diferenças entre líderes. A Innoenergy, o motor de apoio à energia sustentável do EIT, lançou um relatório onde demonstrou que mulheres obtiveram uma pontuação mais alta na liderança transformacional, embora se sintam menos confiantes do que seus colegas do sexo masculino na autoeficácia empreendedora.

O estudo, apresentado na conferência “The Business Booster 2019”, em Paris, concluiu ainda que as mulheres são mais confiantes nas suas capacidades de gestão, mas menos nos conhecimentos financeiros. “Concordo porque não tenho muita formação na parte financeira, mas espero continuar a melhorar nesta área. Sinto que é sempre possível fazer melhor do que estamos a fazer atualmente e que ainda não alcancei o suficiente para eu própria me ver como bem-sucedida – se é que faz sentido”, diz ao Jornal Económico Sara Gonçalves, cofundadora da Trigger Systems.

Sara Gonçalves criou com Francisco Manso, em 2016, uma startups com soluções de software e hardware para eficiência energética e hídrica para negócios agrícolas. O trabalho desta dupla começou na academia e empreendedorismo surgiu apenas por coincidência, mas a jovem empresária garante que só sentiu diferenças de tratamento por ser mulher em reuniões com clientes, especialmente no Chile. “Em Portugal às vezes também tenho receio de não passar tanta credibilidade, mas penso que também está relacionado com a idade, associada a falta de experiência ou conhecimento”, explica, realçando que, por norma, ser mulher dá-lhe maior respeito. “As mulheres são vistas como mais organizadas e metódicas”, garante.

A partir de 800 entrevistas, a Innoenergy concluiu também que, entre os empreendedores europeus ligados à sustentabilidade energética, os ibéricos foram aqueles que demonstraram a maior orientação e motivação. Trata-se de “perfis equilibrados e sem grandes aspetos negativos”, de acordo com esta análise. A maioria dos empresários inquiridos (independentemente do sexo) têm as mesmas motivações para criar uma empresa, ainda que no caso das fundadoras existam duas que surgem com mais frequência: falta de oportunidade de se crescerem no anterior trabalho anterior e o desejo de ter um impacto positivo na sociedade.

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