No meu primeiro artigo de opinião de 2023, gostava de partilhar com os leitores alguns dos pontos altos de 2022 – um ano invulgarmente significativo para as relações entre o Reino Unido e Portugal. Num contexto geopolítico muito turbulento e incerto, foi bom ver os nossos dois países trabalharem em conjunto e reforçarem os seus laços em muitos domínios.
A história importa. Em julho, na pequena vila de Tagilde, celebrámos o 650º aniversário da assinatura do primeiro tratado anglo-português, que abriu caminho à nossa histórica aliança. Um mês antes, o tratado original esteve em exposição em Downing Street, onde foi “inspecionado” pelos respetivos primeiros-ministros, que reafirmaram a força e a relevância ininterruptas da aliança, assinando um novo acordo, ambicioso e abrangente, para aprofundar e alargar a nossa cooperação nos próximos anos.
Este novo sinal de compromisso dos nossos primeiros-ministros trouxe energia e ideias novas à nossa relação. Ambos governos têm trabalhado arduamente para materializar estas ideias, por exemplo, através da estreita colaboração na Conferência do Oceano das Nações Unidas, em Lisboa, no verão passado.
Em matéria de defesa e segurança, o Reino Unido e Portugal continuam firmemente ao lado da Ucrânia contra a agressão de Putin. O nosso apoio diplomático, financeiro e material à Ucrânia tem sido incansável e continuará durante o tempo que for necessário.
O Reino Unido foi também o maior contribuinte para os exercícios da NATO liderados por Portugal em 2022, e aguardamos com expectativa o reforço do intercâmbio de conhecimentos, ideias e pessoal através de um novo acordo bilateral de defesa que será assinado este ano.
O acordo refere especificamente o reforço das relações económicas. Apoiámos empresas empenhadas em novos investimentos nas nossas economias e contribuímos para garantir oportunidades de exportação no valor de mais de 100 milhões de libras. Em Portugal, o Reino Unido teve uma forte presença em eventos como a Web Summit e a Green Investment Summit. Este ano, organizaremos, em conjunto, um fórum económico bilateral para identificar e promover ainda mais comércio e investimento.
Estamos, também, a desenvolver a cooperação entre os dois países através de projetos em áreas de relevância imediata para os nossos cidadãos: transição energética, cibersegurança, sustentabilidade e preparação para pandemias. Quero também ver mais oportunidades para que os nossos investigadores e académicos colaborarem nas áreas do ensino superior e da investigação.
Mas em nenhum lugar do mundo o legado da nossa aliança é mais forte do que nas relações entre os nossos povos. Dois acontecimentos realçaram em particular os laços pessoais e emocionais que nos ligam. Em junho celebrámos com alegria o Jubileu de Platina da nossa extraordinária monarca, a Rainha Isabel II – alegria partilhada por portugueses em todo o país. E, quando, em setembro, com infinita tristeza, assinalámos a morte de Sua Majestade, o povo português também partilhou esta dor. Nunca esquecerei os milhares de amáveis mensagens de condolências que recebemos dos nossos amigos portugueses.
Em 2023, haverá também muito para celebrar, incluindo a coroação de Sua Majestade, o Rei Carlos III, em maio – um evento que sei que será seguido ávida e apaixonadamente aqui em Portugal. Iremos então assinalar o 650º aniversário do grande Tratado de Londres, o momento em que os nossos dois países prometeram pela primeira vez paz eterna, amizade e aliança entre si. Num mundo moderno, onde tanta coisa é incerta e pontual, é muito reconfortante que este compromisso continue a ser relevante.