O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – emitiu esta quarta-feira um total de 1.250 milhões de euros, num leilão duplo de Obrigações do Tesouro (OT) com maturidades em 2030 e 2035, tendo pago pela primeira vez uma taxa negativa para vender dívida a 10 anos.
A agência liderada por Cristina Casalinho emitiu 500 milhões de euros em OT com maturidade em outubro de 2030 e 750 milhões em dívida com prazo em outubro de 2035.
Na dívida a 10 anos, o Tesouro pagou uma taxa de colocação de -0,012%. A última colocação dessa maturidade ocorreu a 9 de setembro, quando Portugal pagou uma taxa de 0,329%. Até à data, o IGCP só tinha conseguido taxas negativas em maturidade de OT, as de seis e de oito anos . Em outubro, no último leilão realizado, o Tesouro pagou uma taxa de -0,085% para emitir dívida a oito anos.
Esta quarta-feira, na maturidade mais longa, o IGCP pagou uma taxa de colocação de 0,319 %.
No leilão a dez anos a procura superou 3,02 vezes a oferta, enquanto no leilão com maturidade mais longa superou 2,55 vezes a oferta.
“O risco de Portugal bem como dos países da periferia europeia, têm vindo a descer para mínimos, movimento que foi mais acentuado no último trimestre de 2020. Este movimento tornou possível voltar a baixar as taxas na emissões realizadas”, diz Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa sobre a emissão desta quarta-feira.
No mercado secundário, a taxa das OT portuguesas a 10 anos, o benchmark para a dívida nacional negoceia esta quarta-feira nos 0,019%, em terreno positivo, depois ter entrado em terreno negativo pela primeira vez em dezembro.
A dívidas soberanas da zona euro têm beneficiado da politica acomodatícia implementada pelo Banco Central Europeu (BCE), que inclui taxas de juro em níveis ultra-baixos e programas de compra de ativos.
“COVID-19 fez com que os Bancos Centrais tivessem de aprovar planos de estímulos sem precedentes para suportar cada uma das diferentes economias. Na Europa o pacote aprovado de cerca de 1,8 triliões de euros explica bem este movimento, os países, empresas e famílias, necessitam de suporte o que significa que para já iremos continuar a ter taxas baixas, pois um movimento inverso poderia deitar por terra a recuperação desejada”, salienta Filipe Silva, vincando que “para Portugal também é bastante importante conseguir emitir dívida de longo prazo com taxas baixas e o panorama atual, tem-no permitido, mas tal não seria possível sem o devido suporte do BCE”.
[Atualizado às 11h51]
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