Portugal decididamente está na moda. É no desporto, é na música, é no turismo mas também nos negócios e na atração de investimento direto estrangeiro.

A notícia da vinda da Google para Portugal esta semana é, a todos os níveis, uma grande notícia. E é uma grande notícia porque projeta o nome do país além fronteiras funcionando para as empresas, nomeadamente as empresas ligadas à área da tecnologia e não só, como uma espécie de “empresa-âncora”, sinalizando a outros “players” do mercado global, que estão a caminho de Portugal – e se estão a caminho de Portugal, é porque Portugal tem capacidade para responder às exigências de empresas como esta. Melhor que uma notícia como esta, só mesmo a confirmação (ainda por fazer) de que também a Amazon está a caminho do Porto.

Portugal tem capacidade! Tem capacidade e a vários níveis. Ao nível da engenharia e da aptidão para aprender uma segunda língua (no Global Competitiveness Report 2017/2018, do World Economic Forum, Portugal classifica-se em 27º, num total de 137 países, na qualidade global do ensino superior e em 28º ao nível do ensino de matemática e das ciências); ao nível das infraestruturas (Portugal, de acordo com o mesmo ranking internacional, classifica-se em 8º na qualidade das suas estradas, em 13.º na qualidade global das suas infraestruturas e em 17.º na qualidade da sua infraestrutura elétrica e de telecomunicações); e ainda ao nível da segurança (14.º), acrescendo-se a estes fatores o sol, o bom tempo e a hospitalidade que tanto nos caracteriza.

Uma fusão de fatores que faz com que seja fácil gostar de Portugal e dos portugueses e que se vai tornando cada vez mais conhecida de turistas, mas também de empresários internacionais, cuja capacidade financeira é fundamental para colmatar a nossa reduzida taxa de poupança e aumentar o stock de capital da nossa economia, gerando mais investimento e, consequentemente, mais emprego.

É, por isso, pueril esta discussão se o investimento da Google se destina a um “Tech” ou a um “Call” Centre, tal como é totalmente fútil e inócua a discussão se este investimento se deveria localizar em Lisboa, no Porto ou em Freixo de Espada à Cinta. Quando empresas com esta projeção se querem instalar em Portugal e criar 500 postos de trabalho diretos, isso é bom. Ponto! De resto, não tendo beneficiado, pelo menos tanto quanto é público, de qualquer apoio estatal, não se percebe sequer como poderia o Governo influenciar, que não através de um acervo de simpatia, a decisão de localização do investimento da empresa.

“Bottom line”, o que interessa é que os investidores fiquem satisfeitos com a opção tomada e com aquilo que encontram no nosso país, pois, com mais, ou menos, inovação, estando satisfeitos é apenas natural que a sua presença no nosso país vá aumentando, cada vez com melhores investimentos e com mais postos de trabalho.

A vinda da Google e a potencial vinda da Amazon realçam também um aspeto muito relevante em matéria de política económica. Quando os protagonistas políticos se entendem, claramente Portugal sai a ganhar. Com efeito, a vinda destas empresas não pode ser alheia à realização da Websummit em Portugal. Muito se discutiu no passado outono, sobre os méritos e deméritos da realização deste evento em Portugal. Hoje, não só se confirma o mérito do evento como é de realçar todo o trabalho conjunto entre o Ministério da Economia (PSD/CDS à época), a Câmara de Lisboa (PS), o Turismo de Portugal e a posterior aposta de dinamização e continuidade pelo atual Governo. Chapeau!