Costuma dizer-se que persistir em fazer as coisas exatamente da mesma maneira, esperando no entanto resultados diferentes, é aquilo que caracteriza a insanidade. A ser assim, o partido socialista e em particular este Governo estão a dar sinais preocupantes de que encaixam nesta definição.

Há poucos dias, uma notícia aqui no “Jornal Económico” deu conta de que Portugal registou a terceira maior dívida pública da União Europeia em 2018, ao atingir 121,5% do PIB, de acordo com o gabinete de estatísticas comunitário. O Eurostat confirmou que Portugal é um dos 14 Estados-membros da UE com uma dívida pública superior a 60% do Produto Interno Bruto, tendo ascendido a quase 245 mil milhões de euros. Ficando assim neste terceiro lugar da ‘Liga dos Últimos’ a seguir à Grécia (181,1%) e Itália (132,2%). Parece pois ser demasiado otimista a previsão do Governo de uma dívida pública de 118,6% do PIB, incluída no Programa de Estabilidade 2019-2023 recentemente apresentado, e que compara com a previsão inscrita no Orçamento do Estado de 118,5%.

Esta situação levou já a que o FMI lançasse um aviso no seu relatório “Global Financial Stability Report: Vulnerabilities in a Maturing Credit Cycle”, como também neste jornal noticiou a jornalista Maria Teixeira Alves: “O peso da dívida pública no total dos ativos dos bancos portugueses ronda os 9% e tem vindo a subir mais ou menos desde 2015”.  Sendo que o Banco de Portugal também deu o alerta de que “num contexto de incerteza geopolítica e de potencial reavaliação dos prémios de risco, esta exposição representa uma vulnerabilidade para o sistema bancário nacional”.

Ao lado destas notícias outras vão surgindo todos os dias. E, no entanto, o Governo persiste num caminho que percorreu no passado e nos levou até uma das crises mais profundas de toda a nossa História. Basta, aliás, a esse propósito visualizar na TVI a recente série documental “A crise das nossas vidas”, da autoria de Isabel Loução Santos e Paulo Ferreira, para comprovarmos as similitudes com o período anterior à intervenção da troika e nos surpreendermos com a forma como José Sócrates e Teixeira dos Santos, ainda hoje, insistem na vitimização e descartam qualquer responsabilidade.

Fomos já ultrapassados por vários países que entraram na UE depois de nós e há quem, justificadamente, avise que Portugal corre o risco de vir a tornar-se o país mais pobre do espaço europeu. O nosso crescimento é pífio. No Programa de Estabilidade já mencionado, o ministro Centeno prevê um crescimento do PIB em termos reais de apenas 1,9%, muito longe dos 3% a que no mínimo devia estar a crescer a nossa economia, justificando-se com o decréscimo da procura interna e a queda das taxas de crescimento previstas para o consumo, quer privado, quer público.

Os sinais, infelizmente, são claros. Portugal arrisca-se mesmo a liderar a ‘Liga dos Últimos’ na UE. Para o evitar, é fundamental que este Governo seja substituído por outro que se afaste do mesmo caminho que já nos levou ao precipício no passado. Precisamos de um governo reformista e não do despesismo socialista.

 

Mais um caso triste, muito triste, a que está associado Fernando Medina. Toda uma empresa portuguesa, a Órbita, é agora colocada em causa, devido a um modelo de negócio falhado que incluía a produção das bicicletas partilhadas Gira em Lisboa. Desde o início alertei como vereador para a falta de sustentabilidade financeira deste sistema. Apontei uma alternativa, mas infelizmente Medina fez orelhas moucas. Como um dos trabalhadores da Órbita dizia recentemente a um jornal, vive-se agora um “filme de terror”.