A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP pagou, esta quarta-feira, um juro de 1,939% para emitir 782 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a 10 anos, o que representa uma subida face à última colocação de dívida benchmark.
Não só os custos de financiamento do país subiram, numa altura em que a incerteza face ao défice de Itália está a penalizar todo o mercado de dívida europeia, como não foi alcançado o montante máximo indicativo do leilão, que se situava nos mil milhões de euros.
“É verdade que a taxa desta emissão subiu ligeiramente face à anterior, mas esse é um movimento que acompanha a evolução recente da curva da dívida soberana europeia”, afirmou Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa. Na última emissão comparável, realizada em 12 de setembro, o IGCP colocou 672 milhões de euros com uma taxa de juro de 1,854%.
Apesar disso, “foi um leilão com muita procura, o que demonstra o interesse dos investidores na taxa de juro paga por estas OT”, acrescentou o diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa. A procura dos investidores foi quase o triplo do montante pretendido pelo Estado, enquanto na emissão de dívida de 12 de setembro, a procura das OT tinha sido 2,32 vezes superior à oferta.
Desde a última colocação, as preocupações dos investidores em relação a Itália têm-se intensificado e contagiado os restantes países da zona euro, incluindo Portugal. O resultado do leilão segue, assim, o desempenho da dívida portuguesa em mercado secundário.
“Ainda assim, foi uma emissão com sucesso para o Estado português que conseguiu, mais uma vez, financiar-se a longo prazo pagando uma taxa historicamente baixa para o risco português. Mais importante que isso, Portugal emite dívida longa abaixo do custo médio da dívida pública, cuja taxa (de cupão) média se situa nos 3,85%”, referiu Silva.
Em mercado secundário, a yield da dívida portuguesa a 10 anos sobe, esta quarta-feira, 0,7 pontos base para 1,982%. Ainda esta terça-feira, o juro das Obrigações benchmark ultrapassaram os 2% pela primeira vez em quatro meses, em linha com a tendência na Europa causada pelo aumento do prémio de risco italiano.
[Notícia atualizada às 11 horas com comentário]
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