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Portugal precisa de 38 mil milhões de euros para recuperar casas devolutas

Há 425 mil habitações vagas que necessitam de ser reabilitadas. O Governo espera que esses fogos permitam baixar os preços das rendas.
3 Fevereiro 2019, 19h00

A reabilitação urbana deverá canalizar para o setor do imobiliário cerca de 38 mil milhões de euros, dos quais 14 mil milhões são destinados a pequenas obras que geralmente são feitas sem licenciamentos, mais 24 mil milhões que se destinam à grande reparação – que exige licenciamento – e que permitirá reabilitar parte das 425 mil habitações vagas e devolutas existentes em Portugal. Quem o diz é o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, Manuel Reis Campos, que explicou ao Jornal Económico os dados de um estudo realizado pela Faculdade de Economia da Universidade do Port, em abril de 2018.

Para apoiar estes investimentos, o Governo disponibiliza o Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU2020), um dos instrumentos financiadores dos municípios portugueses que mais tem contribuído para dinamizar a área da reabilitação urbana. Com um total de 1,4 mil milhões de euros para investir, o IFRRU2020 encerrou o ano de 2018, com 265 milhões de euros investidos, correspondentes a 71 contratos realizados com 27 dos 308 municípios nacionais integrados no IFRRU2020.

No entanto, estes 1,4 mil milhões de euros têm um potencial de investimento que pode duplicar, devido ao Fundo Nacional de Reabilitação Edificado (FNRE). Para isso, é necessário que este Fundo tenha o  “equivalente a dois terços deste montante em imóveis”, como explica a secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, em entrevista ao Jornal Económico [páginas 4 e 5 deste suplemento].

Por falar em municípios, o Instituto Nacional de Estatística (INE) deu a conhecer na quinta-feira os últimos valores sobre o preço do metro quadrado praticado em Portugal, indicando uma subida para os 984 euros, com Lisboa a ter o preço médio mais elevado do país, com um valor médio de 2.877 euros por metro quadrado, no terceiro trimestre de 2018.

De resto, as freguesias de Santo António, Misericórdia, Santa Maria Maior, Avenidas Novas e Estrela, localizadas na capital portuguesa, registaram preços médios de venda de alojamentos superiores a 3.500 euros por metro quadrado.

Já a cidade do Porto registou uma subida de 21,6% em relação ao período homólogo e teve na união de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde o preço por metro quadrado mais elevado, com 2.250 euros. Estes números não fazem desmorecer os investidores na área da reabilitação urbana, que tem sido alvo de um forte investimento.

A Jones Lang LaSalle (JLL), realizou 95% da sua promoção imobiliária, em reabilitação urbana, tendo investido no ano de 2018 e a nível nacional, 550 milhões de euros nesta área. Em declarações ao Jornal Económico, Gonçalo Santos, Head of Urban Development da consultora, prevê que em 2019 “a promoção vai-se focar muito em construção nova e não em reabilitação para o cliente português e em projetos de maior escala”, com as zonas da Alta de Lisboa e Miraflores “a apresentarem as melhores oportunidades”.

Também em declarações ao Jornal Económico, Cristina Arouca, Diretora de Research da consultora imobiliária americana CBRE, acredita que 2019, “deverá ser marcado pelo início de diversos projetos de construção nova, iniciando assim um ciclo de inversão do peso da oferta de apartamentos de construção nova face à reabilitação”.

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