Há algum tempo que tenho a sensação de que o bom senso foi-se perdendo em Portugal e que existem mais portugueses atentos às notícias do dia a dia do que focados em planear o seu futuro.
Portugal transformou-se num país de comentadores, onde tudo serve para aumentar as audiências. Desde pessoas que não têm formação para analisar os assuntos do quotidiano até se misturarem verdades com mentiras, tudo vale para garantir o vínculo e a atenção dos portugueses. Mas a informação perdeu.
Lembro-me do tempo em que os telejornais eram informativos e não um espetáculo. Ora, este espetáculo tornou-se um show de crítica, um Big Brother onde o que interessa é saber quem é o próximo a ‘sair da casa’.
Vinte e quatro anos após a viragem do milénio, e cinquenta anos após o 25 de Abril de 1974, estamos parados no tempo. A paralisia tomou conta de Portugal. Qualquer decisão ou diferença de opinião é usada para queimar política e pessoalmente quem ousa decidir.
Se Portugal fosse uma empresa, a estrutura organizativa seria uma desgraça, senão vejamos alguns factos. Nunca a procura por seguros de saúde foi tão elevada. O sistema de saúde pública não funciona, e não é por falta de dinheiro. A procura por colégios privados disparou porque as famílias preferem investir dinheiro na educação dos seus filhos, sabendo que a escola pública perdeu o respeito e deixou de ser referência.
Na justiça somam-se atrasos de anos em decisões que levam qualquer um ao desespero colocando cidadãos e empresas em stresse, agonia e numa situação financeira complicada. O emaranhado de leis criou uma teia que não beneficia quem necessita de uma justiça. Mais. Para reduzir a inflação e o custo de vida em Portugal, há que reduzir a burocracia, tempos de espera e agilizar processos. Só assim empresas e cidadãos poderão reduzir custos de financiamento e diminuir a incerteza de anos de espera.
A demagogia tomou conta do Portugal SA. Facilmente se discute como um comentador passa a político, esquecendo-se que desde a revolução foi isso mesmo que aconteceu, mas consegue-se branquear diariamente as dificuldades vividas nos últimos anos.
Pergunto-me se achamos mesmo que um presidente do Conselho de Administração que saiu de ‘Portugal SA’, porque não conseguiu unir os seus poucos membros em território português, conseguirá unir as vontades e interesses distintos de países, à frente de um Conselho Europeu?
Portugal precisa de menos comentadores, menos espetáculo e mais ação. O mérito, independentemente de ser português ou não, deve ser a melhor forma de premiar o ser humano, de contrário as máquinas irão mesmo substituir-nos. Resumindo, este século não foi bom para o Portugal SA, nem para o Portugal social.