Portuguesa World Talents quer unir empreendedores a talento e universidades

A linha de pensamento de Bernardo Saraiva e Timur Sitdikov era relativamente simples, e deu frutos. Juntos criaram a World Talents, fundada em 2021, que visa conectar empreendedores, nacionais ou internacionais, a projetos em Portugal e ecossistemas universitários. De forma simples, a World Talents criou uma ligação a três pontes.

“A ideia é fazer uma espécie de ponte entre empreendedores que queiram investir em Portugal e querem estar ao corrente de projetos e ecossistemas em Portugal em que possam investir, e ao mesmo tempo conectá-los com as universidades”, explica o fundador e CEO da World Talents, Bernardo Saraiva, ao Jornal Económico.

“Temos feito parcerias com várias universidades, onde a ideia é também ajudar projetos universitários a terem mentores internacionais ou empreendedores internacionais que os possam ajudar com projetos específicos”, adianta o CEO.

Simultaneamente, a World Talents trabalha com incubadoras e aceleradoras de universidades. De facto, a plataforma tem ajudado algumas startups ainda em fase embrionária a captar interesse e apoio internacional para o seu desenvolvimento.

“É uma situação win-win para toda a gente: empreendedores e regiões locais”, destaca. Isto porque, segundo conta Bernardo Saraiva, a World Talents está a tentar trabalhar com universidades espalhadas pelo país.

Para já, a World Talents conseguiu tecer parcerias com a Universidade do Algarve, Universidade de Évora e ainda com a Universidade de Coimbra. “Tem sido uma boa caminhada até agora”, sustenta ao JE.

Questionado sobre mercados específicos com que trabalham, Bernardo Saraiva admite que não existe limitação. “Temos empreendedores dos Estados Unidos, Canadá, Índia, Japão, Turquia…”, enumera sobre alguns contactos que já ajudaram a traçar ao longo do percurso.

Esta ligação visa ainda “aumentar as probabilidades de sucesso de match entre projetos e startups e os empreendedores”. “Uma das vantagens, na nossa visão, é que não estamos apenas a trazer uma pessoa [empreendedor] ou empresa em si. Trazemos todo um network”.

Desde a sua fundação, a World Talents já conseguiu atrair cerca de 80 empreendedores e empresas para Portugal, com o investimento total a ultrapassar os 2,8 milhões de euros. “Estamos a falar de um investimento à volta dos 35 mil euros por empreendedor, no sentido de se envolverem com o ecossistema local e ajudarem as startups”.

Com os Estados Unidos ainda a decidir o seu rumo após as eleições e vitória de Donald Trump, Portugal está, mais que nunca, na mira dos norte-americanos. Bernardo Saraiva confirma que esta é uma tendência que se prolonga. “Temos notado uma maior procura de americanos para explorar alternativas internacionais. Portugal é muito atrativo por inúmeras razões e conseguimos facilitar uma forma de beneficiar com o facto dos Estados Unidos estarem polarizados e ajudar os ecossistemas portugueses”, assume.

Também o Médio Oriente tem olhado com atenção para o que se passa dentro de fronteiras portuguesas. “Acho que isso se deve também à estabilidade política. Os empreendedores, quando têm negócios em sítios mais incertos [termos geopolíticos], estão sempre à procura de alternativas mais tranquilas. Vão investindo um pouco por todo o mundo, e Portugal acaba por não ser exceção”.

Uma das vantagens de Portugal é “ter uma mão-de-obra muito qualificada e não muito cara”, conta o responsável da plataforma.

A World Talents encontra-se ainda em fase de expansão a nível de parcerias com universidades. “À medida que estamos a crescer e que temos mais empreendedores, também precisamos de ter mais projetos locais e mais empresas a serem geradas”.

Atualmente, a World Talents soma cinco universidades parceiras da sua plataforma, sendo o objetivo é continuar a crescer e estar presente em todas (ou quase) as universidades. “A ideia é ter um leque maior para termos mais disponibilidades, projetos e mais empresas que possam ser interessantes. Sabemos que há universidades melhores numas áreas que outras”.