Quais as principais áreas de atuação da GSK?
O universo GSK está organizado em três grandes realidades: Farmacêutica, Consumer Healthcare e ViiV Healthcare.
A área Farmacêutica, engloba a investigação, desenvolvimento, produção e comercialização de um portfólio muito alargado de medicamentos, inovadores e estabelecidos, para tratar um vasto conjunto de doenças – agudas e crónicas –, assumindo posições de liderança em doenças respiratórias. Inserido na área Farmacêutica está, ainda, o negócio das Vacinas, em que contamos com o portfólio mais abrangente da indústria. Entregamos mais de 2 milhões de doses de vacinas, todos os dias, para pessoas em mais de 150 países.
A área de Consumer Healthcare dedica-se ao desenvolvimento e comercialização de algumas das marcas de confiança mundiais para a dor, sistema respiratório, saúde oral, nutrição, sistema gastrointestinal e dermatologia, com produtos como Voltaren, Panadol ou Sensodyne. A ViiV Healthcare, empresa que nasceu de uma parceria entre a GSK e a Pfizer e a que se juntou recentemente a Shionogi, dedica-se à descoberta e desenvolvimento de soluções inovadoras de tratamento para o HIV, sendo que, até ao momento, conta com um portfólio de 12 opções terapêuticas.
O que distingue a GSK dos demais operadores do setor?
Mais do que os produtos e as soluções que desenvolvemos e disponibilizamos, acreditamos que aquilo que nos diferencia é a nossa forma de trabalhar e a maneira especial como as nossas pessoas encaram os seus desafios diários.
E temos vindo a receber uma série de sinais positivos, por parte do mercado, relativamente ao reconhecimento da nossa forma de trabalhar. Em agosto passado, por exemplo, a “British Medical Journal” publicou os resultados do ranking da Transparência “Alltrials” e a GSK lidera a lista, entre um conjunto de 46 companhias farmacêuticas multinacionais. A GSK foi reconhecida como uma referência no que diz respeito à sua política e compromisso de partilhar toda a informação relativa aos seus ensaios clínicos, independentemente dos resultados.
Qual o investimento global em I&D?
Em 2016, investimos 3,6 mil milhões de libras [cerca de 4,1 mil milhões de euros] em I&D.
Quais os produtos mais promissores do pipeline da companhia?
A nível global, estamos focados em seis grandes áreas de investigação: doenças respiratórias, HIV/doenças infeciosas, vacinas, doenças imunoinflamatórias, oncologia e doenças raras.
No que diz respeito a próximos lançamentos, a nossa expetativa é que, a curto prazo, a GSK receba aprovação para a primeira vacina para o herpes zoster (vulgarmente conhecido por “Zona”); a terapêutica tripla fechada para a DPOC [doença pulmonar obstrutiva crónica]; uma formulação subcutânea de uma terapêutica para o lúpus; e um novo medicamento anticorpo monoclonal para a artrite reumatóide.
Em termos globais, a previsão da companhia é que os novos produtos representem 1,5 mil milhões de libras [cerca de 1,7 mil milhões de euros] de vendas em 2019.
Está nos planos da companhia investir em novas áreas terapêuticas?
O que nos pedem, neste momento, é que nos concentremos em defender a posição de liderança na área respiratória, em que temos o portfólio mais completo e abrangente do mercado, sem descurar a preparação dos próximos lançamentos, que já referi atrás.
Qual a política de investimento para Portugal?
A política de investimento para Portugal segue a estratégia global da companhia, ou seja, privilegia todos os projetos relacionados com as nossas três grandes prioridades: inovação, performance e confiança.
Assim, mais recentemente, temos investido em projetos educacionais, que permitam afirmar o cariz inovador da nossa companhia e, simultaneamente, contribuir para um aumento da literacia em saúde da nossa população e aproximar os profissionais de saúde dos utentes.
O mercado português, com as suas regras, é “complicado”?
O mercado português não é “complicado”. O que acontece é que temos vivido, no passado recente, tempos muito exigentes e extremamente duros, com grande impacto na realidade económica, financeira e social de Portugal e dos portugueses.
No caso da saúde, a pressão orçamental tem sido muito elevada e, agora, há que procurar reequacionar e conseguir um equilíbrio que, sem comprometer o défice orçamental, permita dar resposta às atuais necessidades sociais do país em termos de saúde. Isto é, temos de conseguir introduzir e disponibilizar à população as opções terapêuticas e as tecnologias de saúde mais inovadoras, com o contributo e o compromisso de todos os stakeholders relativamente à sua viabilidade económica.
Para isso, parece-nos importante repensar o orçamento público, nomeadamente na despesa com medicamentos, que caiu mais de 30% durante o programa de ajustamento económico. Enquanto o processo orçamental não for revisto, no sentido de existir uma maior aproximação entre os responsáveis das finanças e os responsáveis da saúde, para que se compreenda a realidade do setor e as necessidades concretas, este subfinanciamento irá continuar.
Quais os principais problemas que enfrenta a GSK em Portugal?
A GSK, enquanto companhia farmacêutica multinacional a operar em Portugal, enfrenta praticamente os mesmos desafios que os outros players. Esses desafios são conhecidos e consistem, principalmente, na introdução da inovação terapêutica, em que os doentes portugueses são diariamente prejudicados face a doentes de outros Estados-membros [da União Europeia], por não terem acesso à inovação na mesma altura.
Consideramos fundamental os processos serem mais céleres, para se conseguir dar resposta às novas e crescentes necessidades que a comunidade médica, por um lado, e os doentes, por outro, sentem diariamente. Para isso, é importante que se olhe para a questão da inovação não como um “problema” de finanças públicas, mas como um investimento na saúde e na produtividade dos portugueses.
As alterações recentes no acesso à inovação, com a imposição de programas de acesso precoce, de disponibilização gratuita, preocupam-no?
Os programas de acesso precoce nascem, precisamente, devido à morosidade na aprovação de novas moléculas. No entanto, foi graças a estes programas que muitos doentes, a maioria deles a sofrer de patologias com índices de mortalidade muito elevados, conseguiram ter acesso a medicamentos que, em alguns casos, são life-saving.
Nesse sentido, parece-nos uma iniciativa positiva, uma vez que coloca os doentes em primeiro lugar, o que deve acontecer sempre. No entanto, é importante não desvirtuar o conceito dos programas de acesso precoce, que nasceram para dar resposta a casos extremos e enquanto uma exceção ao procedimento standard de aprovação e comparticipação de novos medicamentos. Se a aprovação da inovação acontecer em prazos considerados aceitáveis, este tipo de programas deixa de ter motivo de existir, o que é benéfico para todos.
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