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Poupança: “Por cada mil euros de rendimentos disponíveis, poupam-se uma média de 56 euros”

Pedro Lino, PCA da DiF Broker e da Optimize Investment Partners, durante uma conferência dedicada à poupança, disse que em Portugal, “por cada mil euros de rendimentos disponíveis, poupam-se uma média de 56 euros”. Enquanto a média de poupança líquida na Europa para o mesmo montante é de 110 euros”. Contexto de baixas taxas de juro e economias endividadas dificultam a poupança.
31 Outubro 2019, 12h27

As taxas de juro negativas têm consequências na vida do dia-a-dia de todos nós. A fuga dos depósitos a prazo, uma ferramenta tradicional de poupança, para os depósitos à ordem são apenas uma manifestação do impacto das taxas de juro na vida financeira de todos nós.

De acordo com António Ribeiro, analista da DECO Proteste, nos últimos cinco anos, os depósitos à ordem aumentaram 93%, enquanto os depósitos a prazo diminuíram 12%.

Além disso, e citando dados do INE, o analista da DECO Proteste lembrou que a taxa de poupança em Portugal é a mais baixa das últimas décadas – foi de 5,9% do rendimento disponível no segundo trimestre deste na e abaixo da taxa de poupança de 13,3% registada na zona euro.

Luís Gomes, CCO na DiF Broker, uma corretora, explicou que as baixas taxas de juro “vêm de trás e não são de agora” e defendeu que o fim do acordo de Bretton Woods, em 1971, que marcou o fim da convertibilidade do dólar em ouro. A partir desse momento, deixou de haver “limite à quantidade de moeda que se pode imprimir”. A maior consequência foi o aumento exponencial da dívida norte-americana. Passou de 201 mil milhões de dólares em 1944 para 22 milhões de milhões de dólares este ano.

O CCO da DiF Broker defendeu ainda que “a existência de mega-bancos centrais, tal como o Banco Central Europeu a partir de 2000, criou incentivos à explosão da dívida”. E deu alguns exemplos. No ano 2000, a dívida total per capita em Portugal estava nos 23,9 mil milhões de euros. Em 2018, cresceu para 54,7 mil milhões de euros.

Luís Gomes referiu também que “uma subida de 1% na taxa de juro tem um impacto de 2.200 euros por ano numa família de quatro pessoas”.

Por sua vez, Pedro Lino, PCA da DiF Broker e da Optimize disse que em Portugal, “por cada mil euros de rendimentos disponíveis, poupam-se uma média de 56 euros”. Enquanto a média de poupança líquida na Europa para o mesmo montante é de 110 euros.

Além disso, disse ainda que “temos uma carga tributária que tem vindo a aumentar, dificultando a poupança”.

Mas há outros motivos que explicam a baixam taxa de poupança em Portugal, como por exemplo a confiança na segurança social e a expectativa de ter um rendimento garantido no final da vida, mas Pedro Lino alertou para o “risco da inversão da pirâmide demográfica”. O sobre-endividamento das famílias também explica as baixas taxas de poupança.

Pedro Lino disse que poupar é importante porque 71% das reformas são inferiores a 471 euros, estando a assistir-se à degradação do poder de compra das reformas. Por isso, “é preciso complementar a reforma com a poupança”.

No dia mundial da poupança, a corretora DiF Broker, a Optimize Investment Partners, uma sociedade gestora de fundos de investimento e a DECO Proteste Investe organizaram a conferência “Poupança: Desafios e Oportunidades” esta quinta-feira, em Lisboa, para assinalar a importância da poupança.

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