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Prata atinge máximos de 14 anos à boleia do ouro

Disparo no preço do ouro está a levar investidores a procurarem por prata que conta com preços mais em conta.
15 Julho 2025, 17h13

A prata está em máximos de 14 anos, tendo valorizado mais do que o ouro desde o início do ano, com um aumento de 35% em comparação com os 28% do ouro. Somente desde junho, a prata disparou 18%, impulsionada por vários fatores que têm elevado a forte procura na bolsa de metais de Londres. De acordo com a XTB, “máximos históricos no ouro e a crescente incerteza em torno do comércio internacional estão a direcionar os fluxos de capital para ativos considerados de refúgio”.

Embora o ouro continue a ser o principal ativo de refúgio, a sua valorização (cerca de 3.350 dólares a onça) está a provocar uma migração de investidores para a prata, que “permanece substancialmente subavaliada em termos históricos relativos”. A relação ouro/prata encontra-se em níveis que não são típicos em ciclos de mercado altista, e historicamente, em momentos de maior estresse econômico e geopolítico, a prata tende a atrasar-se em relação ao ouro, mas frequentemente regista movimentos impulsivos no final desses ciclos, como demonstrado nos episódios de 1979-1980 e 2010-2011. A recuperação atual da prata tem sido amplamente apoiada por investidores institucionais.

Além de ser um ativo de refúgio, a prata possui uma “forte utilidade industrial”, especialmente no setor solar fotovoltaico. O crescimento da indústria solar na China é um fator estrutural que apoia a procura de prata a longo prazo.

A XTB também destaca que existem riscos associados, como a possibilidade de um “aumento generalizado do apetite pelo risco”, o que poderia penalizar os metais preciosos. No entanto, as atuais tensões comerciais, em particular em torno das tarifas impostas pelos EUA, e o contexto geopolítico volátil continuam a alimentar a procura por ativos não correlacionados com os mercados acionistas.

No atual cenário, o outlook para a prata “continua construtivo”, e a valorização recente pode não representar um ponto de exaustão, mas sim uma fase intermédia de um ciclo mais amplo, sustentado por fundamentos sólidos tanto do lado financeiro como do industrial.

Adicionalmente, o atual enquadramento da política monetária limita significativamente a capacidade de resposta das autoridades. Ao contrário do início da década de 1980, quando a Reserva Federal, sob Paul Volcker, subiu as taxas de juro para 20% para conter a inflação, atualmente tal cenário é impraticável, dado o elevado endividamento público norte-americano (34 biliões de dólares). Um movimento dessa magnitude poderia colocar em risco a sustentabilidade orçamental dos EUA, tornando mais provável a continuidade de políticas acomodatícias ou de financiamento monetário indireto, o que teria um impacto depreciativo sobre o dólar, conclui a XTB.

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