A Europa e o mundo vivem a pior recessão da nossa história coletiva, fruto de uma pandemia de saúde pública que resulta de um inimigo sem rosto, revestido de um vírus sobre cujas caraterísticas e cura ainda pouco ou nada se sabe. Os efeitos nefastos fizeram-se sentir a um ritmo vertiginoso na economia e riqueza nacional, afetando muitos milhares de postos de trabalho e lançando o caos nas empresas.

Depois de dois meses de estado de emergência e de calamidade, as nossas autoridades sanitárias e governativas iniciaram o processo de desconfinamento num cenário de uma economia praticamente paralisada, com exceção das atividades ligadas à saúde, distribuição alimentar, energia e tecnologias, esta última com um volume de negócios a conhecer um crescimento exponencial.

Os riscos inerentes a este quadro são gigantes, tornando os próximos tempos um verdadeiro desafio, a exigir inovação e criatividade, nervos de aço e compreensão social para com todos, em especial, os mais necessitados e afetados por este desastre económico que pode fazer cair 13% do PIB nacional.

Os próximos desafios à escala mundial estarão, sem dúvida, centrados na cura desta doença, na consciencialização sobre a sustentabilidade do planeta e nas formas de organização do trabalho, com o recurso ao teletrabalho e ao digital a dominar todos os debates públicos.

Esta crise global sanitária irá trazer alterações profundas na vida das sociedades modernas. Quase nada no futuro será igual, pois parece evidente que haverá uma maior consciencialização assente nas pessoas e em questões que interessam a toda a humanidade, cuja solução passará por um efetivo reforço da cooperação internacional e das instituições multilaterais.

Os nossos empresários e empreendedores serão fundamentais neste esforço, uma vez que são eles que lutam diariamente pela sustentabilidade das suas empresas, pela manutenção dos postos de trabalho e pela criação de riqueza nacional num Portugal que não se conforma e não irá, estou certo, ceder às dificuldades.

Competirá igualmente ao Governo e aos políticos ir mais além nas suas decisões e fazer muito mais do que têm feito e que lhes compete para permitir a retoma económica e assegurar o emprego que nos garanta um futuro coletivo. Na fase pós-pandemia será urgente executar uma reestruturação de políticas, ignorando diferenças ideológicas e partidárias, e retomando temas como a reforma do sistema eleitoral, o funcionamento do Estado, a qualidade e tipologia da nossa despesa pública, a redução do peso do Estado na economia e o nível de burocracia que hoje existe.

O trabalho no pós-pandemia que todos teremos pela frente é gigante, árduo e exige precaução e sabedoria nos passos públicos, para que seja possível iniciar a retoma económica, proteger o emprego e o rendimento dos portugueses e evitar no futuro mais austeridade, na busca de uma economia de mercado competitiva, sustentável e socialmente inclusiva.

Sem demagogias ou eleitoralismos, mas com grande sentido de responsabilidade, é tempo de abraçar a missão de salvar Portugal, sem pôr em causa o futuro e as próximas gerações.