Nos dias que correm, mesmo com toda a investigação e estudo sobre o tema, ao falarmos em Inteligência Artificial (IA), somos automaticamente transportados para o imaginário dos filmes com cyborgs e computadores sentimentalões carregados de vontade própria.

A verdade é que a IA atual, é ainda a ponta do icebergue do que se pensa poder vir a ser a sua evolução, estando ainda a várias décadas, se não séculos, dos computadores capazes de interpretar sentimentos e emoções em cenário real, ou serem auto-conscientes. Contudo, do famoso computador Deep Blue, que venceu o mestre Kasparov, às atuais máquinas de memória limitada cuja capacidade de interpretar dados as torna num poderoso aliado, aos sistemas de apoio à decisão, um longo caminho já foi percorrido.

Uma das áreas onde podemos aplicar a IA é, sem sombra de dúvida, no tratamento da informação gerada pelos inúmeros sistemas internos e externos às empresas, onde se incluem o cada vez maior número de dispositivos eletrónicos geradores de dados (RFID, sensores, serviços online, redes sociais, entre muitos outros), que nos podem fornecer argumentos decisivos para a evolução do negócio. Seja detetando e reduzindo ineficiências, automatizando processos e/ou a interação com utilizadores, encontrando novas linhas de negócio ou padrões de comportamento, prevendo evoluções, entre muitos outros.

O Business Intelligence (BI), sendo o conjunto de metodologias, ferramentas e processos dedicados à recolha, tratamento e disponibilização de informação de apoio à decisão, tem na IA o aliado perfeito para estender as suas capacidades e potenciar o seu efeito. Prova disso é a cada vez mais frequente presença de jargões como Process Automation, Cognitiv Insights ou Cognitiv Engagement nas características de soluções ou ferramentas de BI.

Empresas que têm a sua gestão suportada em dados deixaram de ser ficção científica e são cada vez mais uma realidade, também em Portugal. Algoritmos de Machine Learning, que a partir de conjuntos de dados cada vez maiores e mais diversos, nos ajudam a identificar tendências e novas visões sobre o negócio, permitem-nos tomar decisões e tornar-nos mais competitivos – em tempo real.

Como exemplo, podemos pensar num gestor de fábrica que, através da sua aplicação de BI, recebe um alerta no telemóvel indicando que a produção de uma linha de montagem abrandou face ao ritmo histórico habitual. O mesmo gestor cruzando essa informação com outros dados recolhidos e processados na mesma solução, pode verificar se uma inspeção ao equipamento é necessária, antecipando ações, diminuindo o período de menor produção, evitando assim custos maiores.

Outro exemplo de utilização de IA, com comprovado aumento no volume de vendas, é a utilização de sugestão inteligente quando um cliente inicia a digitação de um produto num qualquer canal de vendas online. O facto de o algoritmo sugerir, em tempo real, produtos com base nos gostos pessoais do utilizador, recolhidos de anteriores vendas, mas também das redes sociais, ou outras fontes, aumenta não só a probabilidade de venda, como também a taxa de retorno ao site.

Porém, num país onde 95% das empresas têm menos de dez trabalhadores, não será possível ter uma equipa de especialistas em BI ou IA em cada uma delas, pelo que a ajuda de consultores externos e ferramentas especializadas, serão uma forma de mais rapidamente perceber como e onde essa vantagem pode ser utilizada em proveito próprio.

Preciso de inteligência artificial no meu negócio? Sem dúvida. É um processo de evolução que está em marcha, e que será cada vez mais decisivo na adaptação das empresas ao dinamismo do mercado e dos seus intervenientes.