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Preço da habitação chega “a pontos de incompatibilidade com o nível de rendimentos”, diz António Ramalho

O economista assume que este é o maior “dilema” que não só Portugal, mas também a Europa tem para resolver atualmente, mas continua a defender que não existe uma crise de habitação no país que considera muitíssimo maduro nesse ponto de vista, dado que “70% das pessoas habitam na sua casa e 61,3% já a pagaram integralmente”.
16 Outubro 2024, 07h30

António Ramalho alerta para o facto de que continua a existir um problema por resolver no acesso à habitação e que afeta não só Portugal, como todo o continente europeu. Para o presidente do Conselho de Administração da Touro Capital Partners, “o preço da habitação está a chegar a pontos de incompatibilidade com o nível de rendimentos e isso é o maior dilema que temos para resolver”, afirmou durante a sua intervenção no debate ‘Acelerar a construção de habitação’, promovido pelo Grupo Casais e que se realizou na terça-feira na Ordem dos Engenheiros, em Lisboa.

Apesar deste aviso, o economista continua a defender que não existe uma crise de habitação em Portugal, para aquilo que são as condições específicas da habitação no país. “Nós temos 5.981.482 fogos disponíveis para quatro milhões de famílias. Portanto, mesmo sendo nós o terceiro país da Europa com mais casas, este número é perfeitamente satisfatório para satisfazer todas as necessidades”, refere António Ramalho.

De resto, o ex-CEO do Novobanco salienta que quando se diz que os preços sobem, porque não há habitação nova, esquecem-se que 80,2% da transação é feita sobre os bens usados e que são estes que estão a marcar a valorização dos preços no mercado. Contudo, para o economista Portugal continua a ser um país muitíssimo maduro do ponto de vista de habitação, dado que “70% das pessoas habitam na sua casa e 61,3% já a pagaram integralmente”.

“Os portugueses têm quatro vezes mais poupança em habitação do que têm em ativos financeiros. Portugal é o país do mundo que é mais rico, sem saber que é rico, isto é, tem um conjunto de património significativo, mas não consegue tornar este património líquido”, sublinha António Ramalho, acrescentando que um dos problemas centrais do país é ter muitas pessoas a viver com imensas dificuldades, algumas delas até nos indicadores de pobreza e que, curiosamente, têm imenso património ativo e guardam esse património para dar aos filhos.

“Como somos dos países que mais cedo desenvolveu o processo de habitação própria permanente por ineficácia do nosso sistema de pagamento, o que aconteceu, basicamente, é que eles [pais] estão a guardar os bens para entregar aos filhos, mas eles não precisam, porque também já têm casa própria e já a pagaram.

No que ao tema da construção diz respeito, António Ramalho considera que quanto mais construção for feita, mais rapidamente se resolve o acesso à habitação e se controla “a subida de preços desmesurada”.

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