Os ataques cibernéticos estão a preocupar as companhias de seguros. Um recente relatório da Fortinet diz que a falta de competências em cibersegurança contribuiu para 80% das tentativas de ataques. E a consultora Marsh revela, a partir do seu relatório Global Insurance Market Index relativo ao 1º trimestre de 2022, que os preços dos seguros cibernéticos continuam a aumentar devido à severidade e frequência dos ataques de ransomware. Adianta que há muitos seguros a tentarem “tornar os termos e as condições de cobertura mais restritivos, especialmente no diz respeito ao conflito na Ucrânia”.
Adianta a Marsh que nos EUA os preços aumentaram 110%, embora abaixo dos 130% registados no 4º trimestre de 2021, e no Reino Unido os prémios subiram 102%, o que compara negativamente com os 92% registados no trimestre anterior. Refere António Morna da Marsh, que a guerra “acrescentou pressão ao que já é um mercado de seguros desafiante para os nossos clientes”.
O relatório Fortinet publicado no início de maio, e que dá particular enfoque à falta de competências, revela que a falta de competências “não é apenas um desafio de escassez de talento, mas tem também um impacto severo nos negócios, tornando-se numa das principais preocupações dos líderes executivos em todo o mundo”. A empresa fala em desafios com programas focados em certificações de cibersegurança. Por outro lado, o relatório “Cybersecurity skills gap 2022”, da mesma organização., fala de sucessivas violações de segurança e consequentemente, perda de dinheiro. Diz ainda este relatório que o número de profissionais nesta área precisa de aumentar 65% “para defender eficazmente os ativos críticos das organizações”. Acrescenta que esta é uma lacuna significativa e que deixa as organizações vulneráveis, muito embora o número de profissionais necessários para preencher lacunas se tenha reduzido de 3,12 milhões para 2,72 milhões no ano passado. No relatório da Fortinet ficou evidenciado que que oito em cada 10 organizações inquiridas houve um ataque que se pode atribuir à falta de competências ou de sensibilização relativo à cibersegurança. Acrescenta o relatório que 64% das empresas inquiridas sofreram violações que resultaram em perdas de receita.
A cibersegurança é uma prioridade tendo em conta a perda de receita mas também a perda a nível de reputação. E a Marsh realça no mesmo relatório que os prémios nas linhas financeiras e profissionais, que são muito influenciados pelos seguros de cyber, voltaram a ter a maior taxa de aumento nas principais categorias de linhas de seguros, com 26% de subida. E para termos uma ideia do crescimento do cibercrime há estimativas da ordem dos 22 mil inquéritos abertos a nível nacional e cerca de 4500 inquérito abertos na região de Lisboa pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária. Citada pelo “Negócios”, Carlos Cabreiro, especialista na PJ, revela nos dois últimos anos o cibercrime terá crescido 50% na área de Lisboa. Os ataques são feitos sobre infraestruturas críticas e o caso do Hospital Garcia da Orta é um deles, a par de ataques a alvos definidos e mediaticamente relevantes como foi o caso do grupo Impresa. Sem afirmar especificamente a origem, a mesma fonte antecipa que a guerra no leste europeu resultou em eventuais ataques informativos com origem na Rússia ou a partir de grupo estatais russos. Adianta que eventualmente haverá criminosos cobertos por Estados. A mesma fonte afastou a hipótese de terem provas de ligação dos ataques a entidades russas mas, é preciso manter a “cultura de segurança”, sendo que na grande maioria dos ataques foi explorada uma “fragilidade humana”.
Inflação
E paralelamente ao risco cibernético temos a inflação. Refere a Marsh que esta subida de preços dos produtos de consumo e dos serviços “já está a ter impacto nos sinistros em vários ramos de atividade e foram assinalados pelas seguradoras como uma preocupação nas geografias afetadas. A inflação, diz António Morna, tem impacto “no custo das perdas e no crescimento da exposição, o que por sua vez pode afetar os preços”. Ainda assim o diretor da Marsh Portugal mantém uma expetativa positiva ao afirmar que “as bases do mercado permanecem fortes e esperamos que o aumento dos preços continue a sua tendência moderada”.
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