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“Prefiro cortar o braço a voltar ao Reino Unido”. Ingleses preferem ficar em Portugal

O site “Politico” veio a Portugal conhecer a vila que está repleta de emigrantes de origem britânica. A Beira Interior tem sido a região mais ocupada pelos ‘fugitivos’ do Brexit.
6 Fevereiro 2019, 18h11

A indecisão em relação ao Brexit está a afetar não só os portugueses que estão no Reino Unido, mas também ingleses que escolheram Portugal para viver. Um exemplo disso é Simon Lawton que nasceu em Birmingham mas escolheu Portugal há 12 anos para continuar a fazer vida. Com a vinda para portugal, Lawton “pensava que podia retirar o melhor dos dois países mas o Brexit chegou”. Com a decisão dos britânicos em deixar a União Europeia, o músico britânico decidiu que o país onde está a viver é a sua casa e “não quero estar associado ao Reino Unido”.

Simon Lawton simboliza o rápido crescimento de britânicos e de outros estrangeiros que construíram um lar em Penamacor, considerado pelo site “Politico” como uma zona “remota mas uma bela esquina robusta na zona Este de Portugal”. O facto de Portugal ser conhecido pelo seu clima e reconhecido como um país turístico, está a atrair um grande fluxo de emigrantes desde que os britânicos decidiram sair da União Europeia.

A Beira Interior tem sido a região mais ocupada pelos ‘fugitivos’ do Brexit, sendo Penamacor o concelho com maior taxa de residentes estrangeiros do interior, ocupando perto de 10% da população total, que não são mais de cinco mil habitantes. Este valor abrange cidadãos ingleses em idade ativa que estão a comprar quintas abandonadas e que trabalham da vila de Penamacor para o resto do mundo.

António Luís Soares, presidente da Câmara Municipal de Penamacor, afirma “já temos cerca de 400 registados aqui, mas têm chegado mais a cada dia”. “É difícil dizer que estas mudanças estão ligadas diretamente ao Brexit, porque não temos só britânicos a vir. São também irlandeses, holandeses, alemães, e muitas outras nacionalidades”. O presidente já deixou claro: “se não existir um acordo do Brexit a 29 de março, apenas os que têm residência têm o direito de ficar”.

Ainda assim, e por causa da preocupação de cidadãos com nacionalidades estrangeiras, o ministro do interior Eduardo Cabrita, garantiu que “queremos que fiquem em Portugal. A saída do Reino Unido da União Europeia não afeta, de qualquer maneira, a nossa disponibilidade em que continuem a participar na sociedade portuguesa”. Ainda assim, estes cidadãos que queiram ficar devem assinar um certificado de registo temporário ou pedir um visto permanente se já viverem em Portugal há mais de cinco anos.

O autarca desta vila sublinha que as chegadas de estrangeiros se deverão aos “baixos custos da terra”, e como Penamacor estava a ficar abandonado, a mudança é bem vista por todos, especialmente porque criaram a única escola de currículo inglês no interior do país. Além de Sophia Mars, que é professora, existem ingleses com profissões diversificadas: um arquiteto de arranha-céus, um engenheiro informático que realiza projetos 3D e professores que dão aulas para o mundo. Os negócios na vila também estão em franco crescimento devido à invasão que fez a população crescer e fez os idosos falar um segundo idioma, como é o exemplo de uma loja que tem de encomendar comida para os cães destes novos habitantes, algo que raramente existia na vila por os mais idosos darem “os restos”.

Dawn e Peter Siedle explicam que em Portugal encontraram um país onde as pessoas os apreciam. “A Europa toda odeia-nos”, com a existência do Brexit “é uma afronta ser inglês” afirma Peter. Sallie Bent, natural de Sheffield e habitante desta vila, garante “prefiro cortar o braço a voltar ao Reino Unido” mas depois explica que está a adiar obter residência portuguesa com receio de apenas ter acesso limitado aos especialistas de tratamento em Inglaterra.

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