À medida que a pandemia evolui, avolumam-se as preocupações com o seu impacto económico. Se é agora evidente que a crise de saúde pública durará meses e não semanas, não é ainda claro se o impacto económico será passageiro ou prolongado.

Independentemente da intensidade da recessão, esta é uma crise sem precedentes nas últimas décadas, pois verifica-se em simultâneo um “choque da oferta”, com a disrupção das cadeias de abastecimento, e um “choque da procura”, com a retração do consumo. Assim, não existe um guião de uma qualquer crise anterior que permita antecipar qual o melhor curso de ação.

Perante esta incerteza e volatilidade, as empresas devem consciencializar-se da importância de considerar vários cenários estratégicos para definir cursos de ação pré-definidos a prosseguir de acordo com a evolução concreta da crise. A velocidade de reação à alteração de condições será fundamental tanto para assegurar a sobrevivência como para potenciar a recuperação.

Várias áreas das empresas estão sob forte pressão. Ao nível da tesouraria é fundamental assegurar reservas de segurança para uma crise prolongada, mas também a flexibilidade que permita aproveitar uma recuperação rápida.
Ao nível da cadeia de abastecimento, é urgente identificar alternativas aos “pontos críticos” de disrupção do negócio. Mas também devemos antecipar as implicações estruturais resultantes das restrições à movimentação de bens (incluindo protecionismos) e do provável reforço futuro do nearshoring.

Devemos antecipar também mudanças no comportamento dos consumidores. A adoção da virtualização e do eCommerce terá implicações na rede de lojas, na logística e no serviço ao cliente. E num pós-crise os consumidores deverão valorizar ainda mais as empresas que adotem uma purpose driven strategy.

Em suma, sendo importante assegurar a sobrevivência durante a crise, não devemos descurar a preparação perante cenários alternativos de forma a promover o sucesso também no pós-crise.