O candidato presidencial do Chega falou segunda-feira numa “segunda” fase da campanha eleitoral e ensaiou o recrutamento em massa de um “exército popular português” para “mudar Portugal”, na estreia de um original modelo de comício automóvel (“drive-in”).
“À medida que aumenta o brutal ataque contra nós por um sistema que já não consegue nem sabe lidar connosco, não compreendem que o nosso exército vai aumentado dia após dia, engrossando, de comunistas a católicos, de todas as raças, etnias e religiões, que vão aumentando esta enorme massa de gente que quer mudar Portugal. Nós somos o exército popular português”, dramatizou André Ventura.
O discurso do deputado único e presidente do partido da extrema-direita parlamentar foi sendo pautado por “salvas de apitos”, com as buzinas dos perto de 150 carros à frente do camião-palco, estacionado na praia do Aterro, junto à ameaçada refinaria de Matosinhos.
“O que estamos a fazer é a caminhar para uma nova Venezuela na Europa, com a cumplicidade de um Presidente que já não sabe dizer que não. É o Presidente dos socialistas [Marcelo Rebelo de Sousa] e nós não queremos socialismo em Portugal”, defendeu o deputado único da recém-formada força política nacional-populista.
O “candidato dos portugueses e das portuguesas de bem” alargou depois o seu “mercado eleitoral” e definiu-se como o futuro Presidente dos “pensionistas, polícias, bombeiros, professores, enfermeiros, médicos, auxiliares, daqueles que trabalham, combatentes do Ultramar, motoristas…”.
O líder do Chega autodefiniu-se como uma espécie de homem providencial: “tenho o dever de ser a voz daqueles que não têm voz, dos que a perderam e dos que nunca a tiveram”.
Antes da chegada do líder do Chega, os apoiantes, dentro dos carros e, portanto, respeitando as regras de distanciamento sanitário, foram sendo animados por música ambiente variada, como num “bailarico de verão”, respondendo com sinais de luzes com os “máximos” dos faróis ou os “quatro piscas”.
“O Inverno chegou. Desta vez não chegou só um Inverno de frio. Chegou o Inverno das nossas vidas, um Inverno de destruição de negócios, de famílias e empregos. Um Inverno de uma sombra enorme que paira sobre Portugal e a Europa e só nós podemos ser a luz que acabará com essa escuridão imensa”, afirmou, renovando as críticas ao Governo minoritário socialista, com acusações de enganar os portugueses com as vacinas anti-SARS-Cov-2 e dos “hospitais preparados”.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.
“Hoje é o dia de fazer a grande reviravolta da nossa campanha eleitoral, de começarmos a segunda grande fase desta campanha, rumo à segunda volta”, ordenou o líder do partido da extrema-direita parlamentar.
Há outros seis candidatos: o incumbente Marcelo Rebelo de Sousa (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (“Tino de Rans”, presidente do RIR – Reagir, Incluir, Reciclar).
“Quando os nossos adversários acham que já estamos derrotados e se vangloriam daquilo que já conseguiram, mas que ainda não alcançaram, quando os comentadores dizem que está decidido e não vamos conseguir, que fomos uma desilusão, não sabem nem imaginam a força e o enorme orgulho que ainda temos dentro de nós. Esta batalha está longe de ser terminada… Isto só acaba à meia-noite do dia 23 de janeiro”, declarou, referindo-se ao fecho do apelo ao voto.
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